sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Cérebro e coração


* Por Medeiros e Albuquerque


Dizia o coração: “Eternamente,
eternamente há de reinar agora
esta dos sonhos teus nova senhora,
senhora de tu’alma impenitente.”

E o cérebro, zombando: “Brevemente,
como as outras se foram, mar em fora,
ela se há de sumir, e há de ir embora,
esquecida também, também ausente.”

De novo o coração: “Desce! Vem vê-la!
Dize, já viste tão divina estrela
no firmamento de tu’alma escura?”

E o cérebro por fim: - “Todas o eram...
Todas... e um dia sem amor morreram,
como morre, afinal, toda ventura!”

(Pecados, 1889).


* Jornalista, professor, político, contista, poeta, orador e romancista, membro da Academia Brasileira de Letras.

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