segunda-feira, 5 de dezembro de 2011







Os quatro naipes

* Por Talis Andrade

Se não fui rei
de um castelo de areia
que uma sereia desmanchou
nas ondas do mar
um dia serei rei
de um castelo no ar
Rei de espada
os poderes de Excalibur
invocarei
para teu guardar
dos despachos
nas encruzilhadas
dos feitiços feitos
por ciúme e cobiça
Os poderes de Excalibur
invocarei
para teu guardar
dos malefícios
do olho grande da inveja
o engessado olho de Satã
o olho multiplicante de Satã
a multidão dos olhos de Satã
espalhados pelos corpos
de suas vítimas
Rei de ouro
desapropriarei
os tesouros
dos especuladores
e sonegadores
o dinheiro lavado
nas contas secretas
dos paraísos fiscais
o dinheiro invisível
da dívida externa
o dinheiro da usura
os juros sobre juros
extorquidos
das miniempresas
todo o dinheiro
roubado do povo
depositarei
aos teus pés
Rei de paus
rei
rei
do povo a ladear
de pedrinhas
de brilhantes
teus caminhos
de passear
Rei de copas
oferecerei
os dízimos
dos bispos Macedo
e óleos de unção
para te coroar
Um dia serei
rei
de um castelo de cartas
um dia serei
rei
de um castelo no ar
um dia serei
rei
para te amar
um dia serei
rei

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

Nenhum comentário:

Postar um comentário