terça-feira, 13 de dezembro de 2011



A filha da antiga lei

* Por Adélia Prado

Deus não me dá sossego.
É meu aguilhão.
Morde meu calcanhar como serpente,
faz-se verbo, carne, caco de vidro,
pedra contra a qual sangra a minha cabeça.
Eu não tenho descanso neste amor.
Eu não posso dormir sob a luz do Seu olho que me fixa.

Quero de novo o ventre de minha mãe,
sua mão espalmada contra o umbigo estufado, me escondendo de Deus.



* Adélia Prado é uma das principais poetisas brasileiras da atualidade, autora de vários livros de sucesso. .

2 comentários:

  1. Hoje é o aniversário desta extraordinária poetisa mineira, cuja obra tanto me encanta e me fascina. Quanto mais leio seus poemas, mais quero lê-los. Merece nossa reverência e nossos votos de muitos e muitos anos de vida,e produzindo estas maravilhas de refinadíssima sensibilidade.

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  2. Ler Adélia Prado, é uma boa, por deixar sempre, sempre melhor um dos destinos mais procurados pelos leitores. Não podemos esquecer dos efeitos poéticos que nos fortalece.
    Parabéns, querida poetisa!

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