Confissão
* Por Suzana Vargas
Odiei minha mãe a vida inteira.
E ela percebia isso,
ah, se percebia,
(Olhos atentos
ao desapego da filha.
buscaram sempre outros sóis,
outras paragens
voz de comando evitavam).
Eu,
Bem contrária à brandura preservada
quebrava copos,
repetia quase sempre
o ano nas escolas,
se pudesse,
meu braço descuidava no encontrão.
Sonhava crimes incríveis
e entre facas,
uma vez o assassinato aconteceu.
Ela, que percebia minha ira,
não vai entender os versos
que lhe escrevo agora –
a raiva duplicada –
porque o ódio
se aproxima e muito
da paixão:
agredi-la no crepúsculo
ou na aurora
ainda é meu único modo
de tocá-la.
* Poetisa gaúcha, radicada no Rio de Janeiro, autora de literatura infantil e ensaísta. Tem 16 livros publicados, entre os quais “Sombras chinesas” , “Caderno de Outono” (indicado ao Prêmio Jabuti) e “O amor é vermelho”.
* Por Suzana Vargas
Odiei minha mãe a vida inteira.
E ela percebia isso,
ah, se percebia,
(Olhos atentos
ao desapego da filha.
buscaram sempre outros sóis,
outras paragens
voz de comando evitavam).
Eu,
Bem contrária à brandura preservada
quebrava copos,
repetia quase sempre
o ano nas escolas,
se pudesse,
meu braço descuidava no encontrão.
Sonhava crimes incríveis
e entre facas,
uma vez o assassinato aconteceu.
Ela, que percebia minha ira,
não vai entender os versos
que lhe escrevo agora –
a raiva duplicada –
porque o ódio
se aproxima e muito
da paixão:
agredi-la no crepúsculo
ou na aurora
ainda é meu único modo
de tocá-la.
* Poetisa gaúcha, radicada no Rio de Janeiro, autora de literatura infantil e ensaísta. Tem 16 livros publicados, entre os quais “Sombras chinesas” , “Caderno de Outono” (indicado ao Prêmio Jabuti) e “O amor é vermelho”.
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