sexta-feira, 2 de dezembro de 2011







Alma

* Por Flora Figueiredo

Acho que os sentimentos tem células,
pois as sinto remexer,
intensas libélulas
a se fundir
e a se desprender,

Alimentam-se de lágrimas e risos.
E sempre crescem.
E a cada instante que vivo
mais então se expandem
e mais amadurecem.

seu núcleo me pede pulsações
e quando me perco pelas emoções
ele se avoluma e me maltrata.
E chega a ser tão grande seu efeito
que rompe o peito e sangra
e se dilata.

Ah! minhas células emotivas!
Quero-as em mim
coladas e cativas
fazendo-me viver intensamente.
Eu as batizo com o nome de "alma"
e as responsabilizo a viver eternamente
ainda quando o coração se acalma
e põe-se a dormir
irreversivelmente


• Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.

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