segunda-feira, 4 de abril de 2011


O meu circo – e o cerco deles ou

Lobato contra Tio Sam (2ª parte)


* Por Cacá Mendes


Os números, as variedades, as atrações são mais pensadas para os pequenos, claro, do que aos seus guias, propriamente. Todavia, os adultos que entrarem naquele círculo de pano com algum desagrado, se de lá não saírem com aliviado humor, emburrados de todos não ficam mesmo. Afinal, em deserto, água boa é aquela que mata a sede. E basta.

Eu me senti nos meus idos de criança, bem assim lá no pé da vida, numa emoção só de dar água em pingos pra boca doce não se amargar. Sim, lá estavam eles, o velho e bom picadeiro, a lona, o mastro, as cordas, as luzes... A linha tênue da tradição ostentando o incansável circo! Ainda que o seu picadeiro me parecesse, às vezes, num lampejo de triz um cofre – um cofre fraco, claro. Mas 1 cofre.

(Até entendo, do meio em diante da coisa disso: concorrer com as poltronas dos lares não é fácil. Bunda da gente não quer sair mais de lá da TV, precisamos botar bunda fora de casa, botar bunda pra andar. Assim mesmo, meio desportuguesando a língua em pensar alto, quase... Bunda pra frente, vai, bunda! Risos. E isso, aquele picadeiro/cofre está conseguindo mui modestamente, desconfio, mas está).

Bom, médio, ruim? Eita. Vamos duvidar? Dúvida de doido.

Mas o máximo ainda viria no destravado daquela lona... Não vou dizer das atrações, propriamente, dispensa-se o óbvio o igual o bem comum das coisas (com todo o respeito que devemos todos nós a esses bravos guerreiros do circo!). O leitor, se nunca entrou num circo, provável que a TV já o colocou num, suspeito. Então vamos arriba - mesmo se descer for, agora aqui, no ler e pensar que tiver da escrita. Vamos.

Não, de animal naquele local observam-se duas espécies: a canina, e a equina. E do meu acento modesto (cadeira atrás de cadeiras) se anunciou os cachorrinhos ensinados! E andam- correm-sobem-descem obstáculos e etc. etc.; depois o domador ou treinador os colocam para dentro do pano novamente... Luzes piscam, o locutor redondo no seu pleno de ofício, emoldura, imposta, arredonda no volume e anuncia:

- Agora, com vocês: Halloween, a nossa bruxinha!!!

E lá entra a saltitante cachorrinha poodle, toda-toda, num desfile em duas patas, arribadas com as mãos para os céus - oh!

E mais:

- Agora com vocês: Emília, a nossa bonequinha!!!

Se não houvesse na seqüência um trapezista fantasiado de homem-aranha, diria que o “duelo” de culturas no picadeiro fora, magistralmente, arquitetado... E com isso não vejo dúvida, pois o acaso do fortuito impera. O que de qualquer sorte, muito me agrada, a nossa (aquela bizarra) “bonequinha” Emília é muito mais interessante do que qualquer bruxa (leia-se lixo), por mais que escolinhas e institutos (muitos que se querem sérios) de língua inglesa persistam em nos dizer o contrário! (estou sendo bem benevolente com esses tais. Não quero me estragar agora com discurso, discursos, discurso... Fui) Arre.


* Jornalista – blog: www.cronicaseg.blogspot.com

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