quinta-feira, 28 de abril de 2011







Incentivo à leitura




* Por Francisco Fernandes de Araújo

Pela lei federal nº 11.899/09 foi instituído o Dia Nacional da Leitura e da Literatura, a ser anualmente celebrado exatamente no Dia da Criança e durante toda a semana que lhe corresponde. O projeto foi do senador Cristovam Buarque e visa valorizar e fomentar a convivência da sociedade brasileira com o hábito da leitura e a produção literária do país.
A importância de se instituir o Dia da Leitura no mesmo Dia da Criança é realçada por Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, ao dizer que “Um dos momentos inesquecíveis da vida de qualquer criança é quando, pela primeira vez, ela junta uma letrinha, mais outra, e mais várias delas e começa... a ler! É uma conquista tão importante que será usufruída pelo resto da vida e abrirá, a cada dia, uma nova janela para o mundo”.
No mesmo diapasão, assim se manifestou outra reconhecida personalidade do mundo da leitura e dos livros, o bibliófilo e acadêmico José Mindlin, recentemente falecido: “Em minha opinião, todos os dias deveriam ser dedicados à leitura... devemos cultivar, cada vez mais cedo, o hábito de leitura nas crianças, para em um breve futuro, termos muito mais leitores”.
Também eu digo que a leitura é um turismo de beleza sem fronteiras. E não importa a nossa idade nem a hora da cidade. É o melhor investimento, que nos dá conhecimento e o direito de sonhar. É pelo caminho da leitura que se alcançam muitos sucessos e benefícios na vida, daí a necessidade de se irradiar esse salutar hábito entre as pessoas de nossa convivência diária.
A este propósito, muito se tem falado sobre o fim do livro impresso, que, segundo algumas vozes, em pouco tempo perderá mercado para o livro eletrônico. Todavia, mesmo não se desconhecendo a força da novidade, penso que a tradição do livro impresso ainda perdurará por muito tempo, destacadamente por causa do custo adicional dos instrumentos necessários ao novo modelo de leitura.
De fato, o livro eletrônico (e-Book), embora possa ser mais barato, exige aquisição de algum tipo de ferramenta (e-Reader) para viabilizar a sua leitura, com um custo adicional considerável, equipamento esse nem sempre capaz de captar diretamente da internet todos os conteúdos do livro digital, exigindo, então, também o repasse por meio de um computador para o e-Reader, o que sempre significa despesa incompatível com a disponibilidade econômico-financeira dos leitores mais carentes, segmento que constitui, sem dúvida, grande contingente que necessita de uma maior e melhor atenção das autoridades educacionais.
Em outras palavras, o livro digital é uma novidade que facilita a leitura, mas apenas para os mais afortunados. De qualquer forma é previsível a convivência dos sistemas, pois a TV jamais “matou” o rádio, tampouco a Internet “matou” a TV...
Seja como for, embora a nova legislação seja bem-vinda, devemos insistir que não bastam leis para disseminar o gosto pela leitura. Tampouco datas comemorativas. É preciso criar mecanismos viáveis e economicamente compatíveis com as classes menos favorecidas, promovendo mudanças radicais no hábito das pessoas, tanto no lar quanto na escola e na sociedade em geral, para que haja um progresso palpável na formação cultural de todos, sem discriminações de qualquer natureza.
Só assim poderemos comemorar com justificada alegria todo o progresso advindo dessas providências concretas, para fazermos deste País continental também uma grande Nação. Portanto, o incentivo à leitura é uma tocha que a todos cabe acender. Mãos à obra!

• Francisco Fernandes de Araújo é escritor

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