Literário

A vida gosta de quem gosta dela

Por Rosa Pena

Mamãe

Lembra que eu sempre me senti uma árvore no dia da mulher? Pois é. Era o dia de ganhar flor e um montão de elogios. De colher de chá um almocinho fora e no restaurante também o dono dava aquela maldita rosa de plástico. No dia seguinte a colher era de pau pra mexer bem a gogoroba da família e não tomar esporro.

A gente não podia falar de futebol, nem de política. Mulher não entendia disso. Já de bolo de cenoura e bainha de calça tudo bem.

Mãe!!!!!!!!!!Agora o controle (não o remoto, esse continua atendendo a neurose obsessiva masculina), mas do Brasil está nas mãos de uma mulher (temos um presidente do sexo feminino) e a Marta, uma jogadora de futebol brasileira foi eleita pela terceira vez a melhor do mundo. Joga muito mais que os dois Ronaldos, o Ganso e outros mais cotados, mas que vivem ameaçados pelo fantasma da segunda divisão.

Mãezinha.

Como faço sempre no dia dos finados comemoro a eternidade de nosso amor ao som de música. Hoje coloquei o Paul McCartney que está chegando aqui. Junto bebo uma Smirnoff Ice enquanto o Tuninho prepara um Fettuccine à Alfredo di Lelio. Ele está um primor na cozinha. Virou discípulo do Claude Troisgros.

Beijos e beijos de sua filhota pilhada. Você sempre foi a mulher mais sábia do Universo. Continuo gostando de viver intensamente conforme você me ensinou: A vida gosta de quem gosta dela.

PS: E o céu? Tá dando pra levar ou é muito devagar?

• Escritora