Indicação de tendência
Caríssimos leitores, boa tarde. Que esta segunda-feira de Primavera seja o termômetro de uma semana produtiva e benigna, repleta de realizações para todos vocês. Nos próximos dias, conheceremos o feliz ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2009, que é o clímax de qualquer artista que se dedica às letras.
Caso se trate de um escritor pouco conhecido, subitamente passará do ostracismo à glória. Será assediado por jornalistas do mundo todo, dará mil entrevistas, aparecerá em “talk-shows” da televisão, virará celebridade etc.etc.etc. Se já for famoso – um desses campeões de venda que esgotam edições de milhões e não meros milhares de exemplares – venderá muitíssimo mais e encherá a burra de dinheiro. Ou seja, verá sua conta bancária engordar em alguns milhões de dólares, fora a premiação em si, que não é nada desprezível.
Vejo, amiúde, pessoas torcerem o nariz a esse prêmio, como se não tivesse nenhuma importância. Quem age assim, ou é sumamente alienado, desligado da realidade e, portanto, não merece resposta e sequer ser levado em conta, ou é despeitado, por ter a intuição (se não certeza) de que jamais passará sequer nos arredores de uma conquista desse porte.
O Nobel de Literatura premia, de fato, o “melhor”? Provavelmente não. Até porque esse conceito de excelência é sumamente subjetivo. Então não é importante? É importantíssimo! E por que? Por estabelecer parâmetros literários e por indicar, sobretudo, tendências. A própria escolha do gênero premiado, se poesia, romance, conto, ensaio etc., já indica as novidades estilísticas, semânticas e conceituais que serão as preferidas dos editores do mundo todo.
A indústria editorial, convenhamos, não é comandada por estúpidos. Ninguém investe enorme capital em equipamentos caríssimos, de última geração, para perder dinheiro. Os dirigentes das principais editoras mundiais “farejam” bons negócios e raramente erram em suas apostas. Nós, que vivemos de escrever, e que não somos comercialmente tapados e nem meros e delirantes sonhadores, precisamos ficar atentos no tipo de livros que terá a preferência do mercado nos próximos meses ou, quiçá, anos.
Isso não quer dizer que não possamos inovar. Não apenas podemos, como devemos. Mas se não quisermos viver permanente frustração, a pretexto de “fazermos arte pela arte” e, quem sabe, morrermos de fome, é prudente que estejamos atentos às novas tendências que se desenharem na indústria editorial. Livros “experimentais”, provavelmente, teremos que bancar do próprio bolso, e em edições limitadas, voltadas quase que exclusivamente à crítica e aos estudiosos de Literatura.
Por mais que venhamos a contestar o gosto do público (e, amiúde, contesto de fato) e o “realismo” do mercado, não podemos ser suicidas potenciais de nossas carreiras produzindo livros que signifiquem “remar contra a maré”. Se o fizermos, teremos as seguintes conseqüências: nenhuma editora vai se dispor a publicar o que escrevermos. E se, fortuitamente se dispuser, o risco, se não quase certeza, é o de um monumental e vexatório encalhe nas prateleiras das livrarias.
Daí a importância que venho dando ao Prêmio Nobel de Literatura. Não se trata, apenas, de visão jornalística, por vislumbrar no fato uma notícia que toda a imprensa internacional certamente vai publicar “ad náusea”. Trata-se do realismo de um escritor maduro que, com o tempo, adquiriu experiência suficiente para observar como agem as grandes editoras na composição do seu catálogo.
Tentarei (e espero ser feliz), detectar, da forma mais cristalina possível, “tendências” na simples escolha do que for premiado. Buscarei, além de ler atentamente os livros que produziu, enxergar nuances estilísticas, quais os temas que abordou, qual o tratamento que lhes deu e assim por diante.
Caso não seja feliz nessa análise, todavia, espero contar com sua complacência e compreensão, querido leitor, que nunca me faltaram nestes quase quatro anos de contato contínuo e público, neste vasto oceano de informações, que é a internet..
Boa leitura.
O Editor.
Caríssimos leitores, boa tarde. Que esta segunda-feira de Primavera seja o termômetro de uma semana produtiva e benigna, repleta de realizações para todos vocês. Nos próximos dias, conheceremos o feliz ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2009, que é o clímax de qualquer artista que se dedica às letras.
Caso se trate de um escritor pouco conhecido, subitamente passará do ostracismo à glória. Será assediado por jornalistas do mundo todo, dará mil entrevistas, aparecerá em “talk-shows” da televisão, virará celebridade etc.etc.etc. Se já for famoso – um desses campeões de venda que esgotam edições de milhões e não meros milhares de exemplares – venderá muitíssimo mais e encherá a burra de dinheiro. Ou seja, verá sua conta bancária engordar em alguns milhões de dólares, fora a premiação em si, que não é nada desprezível.
Vejo, amiúde, pessoas torcerem o nariz a esse prêmio, como se não tivesse nenhuma importância. Quem age assim, ou é sumamente alienado, desligado da realidade e, portanto, não merece resposta e sequer ser levado em conta, ou é despeitado, por ter a intuição (se não certeza) de que jamais passará sequer nos arredores de uma conquista desse porte.
O Nobel de Literatura premia, de fato, o “melhor”? Provavelmente não. Até porque esse conceito de excelência é sumamente subjetivo. Então não é importante? É importantíssimo! E por que? Por estabelecer parâmetros literários e por indicar, sobretudo, tendências. A própria escolha do gênero premiado, se poesia, romance, conto, ensaio etc., já indica as novidades estilísticas, semânticas e conceituais que serão as preferidas dos editores do mundo todo.
A indústria editorial, convenhamos, não é comandada por estúpidos. Ninguém investe enorme capital em equipamentos caríssimos, de última geração, para perder dinheiro. Os dirigentes das principais editoras mundiais “farejam” bons negócios e raramente erram em suas apostas. Nós, que vivemos de escrever, e que não somos comercialmente tapados e nem meros e delirantes sonhadores, precisamos ficar atentos no tipo de livros que terá a preferência do mercado nos próximos meses ou, quiçá, anos.
Isso não quer dizer que não possamos inovar. Não apenas podemos, como devemos. Mas se não quisermos viver permanente frustração, a pretexto de “fazermos arte pela arte” e, quem sabe, morrermos de fome, é prudente que estejamos atentos às novas tendências que se desenharem na indústria editorial. Livros “experimentais”, provavelmente, teremos que bancar do próprio bolso, e em edições limitadas, voltadas quase que exclusivamente à crítica e aos estudiosos de Literatura.
Por mais que venhamos a contestar o gosto do público (e, amiúde, contesto de fato) e o “realismo” do mercado, não podemos ser suicidas potenciais de nossas carreiras produzindo livros que signifiquem “remar contra a maré”. Se o fizermos, teremos as seguintes conseqüências: nenhuma editora vai se dispor a publicar o que escrevermos. E se, fortuitamente se dispuser, o risco, se não quase certeza, é o de um monumental e vexatório encalhe nas prateleiras das livrarias.
Daí a importância que venho dando ao Prêmio Nobel de Literatura. Não se trata, apenas, de visão jornalística, por vislumbrar no fato uma notícia que toda a imprensa internacional certamente vai publicar “ad náusea”. Trata-se do realismo de um escritor maduro que, com o tempo, adquiriu experiência suficiente para observar como agem as grandes editoras na composição do seu catálogo.
Tentarei (e espero ser feliz), detectar, da forma mais cristalina possível, “tendências” na simples escolha do que for premiado. Buscarei, além de ler atentamente os livros que produziu, enxergar nuances estilísticas, quais os temas que abordou, qual o tratamento que lhes deu e assim por diante.
Caso não seja feliz nessa análise, todavia, espero contar com sua complacência e compreensão, querido leitor, que nunca me faltaram nestes quase quatro anos de contato contínuo e público, neste vasto oceano de informações, que é a internet..
Boa leitura.
O Editor.
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