Essa gente dos trópicos mostra seu valor
Caríssimo leitor, boa tarde. Num piscar de olhos, eis que chegamos à sexta-feira, véspera de um feriadão prolongado, dia de balada, de encontro descontraído com os amigos para uma cerveja (que ninguém é de ferro) e de se livrar do estresse da semana da melhor maneira possível. Aproveitem, pois, mas não deixem de ler um bom livro e de fazer uma visitinha básica ao Literário, claro.
Há um samba famoso (cujo título e autores não me lembro) que diz, em determinado trecho da letra: “Chegou a hora desta gente morena dos trópicos mostrar seu valor”. Refere-se, óbvio, a nós brasileiros. E, a despeito dos pessimistas e dos muitos que acalentam secular “complexo de vira-latas”, estamos mostrando, nos mais diversos campos de atividade (e há já muito) o quanto valemos.
Tem sujeito cuja maior frustração é não ter nascido norte-americano. No futebol, sente-se um argentino (determinados cronistas esportivos demonstram isso escancaradamente, na maior cara dura) louvando as virtudes dos “hermanos” e vendo mil e um defeitos nos comandados de Dunga, a despeito da nossa seleção haver estabelecido novo recorde mundial de partidas invictas. Estes devem estar prestes a terem um enfarte diante do vexame protagonizado, pelo menos até aqui, pelos lépidos comandados de Dom Diego Maradona. Bem feito!
Mas não é este o assunto que quero tratar com vocês. O tema dos dois dias anteriores, ao qual dou seqüência hoje, é o teatro. Lógico que, desde o princípio, não me propus a escrever detalhado ensaio a respeito (e nem este espaço é o mais apropriado para isso), mas a tecer descompromissados comentários a propósito, dada a relevância desse gênero literário.
Nos dias anteriores, enfatizei os clássicos, tanto os gregos, quanto romanos, franceses e ingleses e observei que apenas cinco autores teatrais já foram premiados com o Nobel de Literatura. Como ninguém me corrigiu, minha pesquisa a respeito deve estar correta.
Ficou parecendo, contudo, que tive um súbito ataque de “complexo de vira-lata” e que, por isso, citei escritores do gênero de todas as partes, menos do Brasil. É que deixei os nossos para o fecho destas considerações, com o objetivo de lhes dar a ênfase que merecem.
O teatro faz parte da nossa formação como povo. José de Anchieta, por exemplo, utilizou-o como método de catequese dos índios, ainda no século XVI. Exemplo disso é a peça que escreveu, intitulada “Auto de São Lourenço”. Há outras, mas essa é a que tive acesso e a de que me lembro, sem precisar forçar muito a memória.
Falar de teatro (brasileiro ou não) sem citar alguns nomes, é cometer um pecado mortal. Tem-se que mencionar, obrigatoriamente, por exemplo, Gonçalves de Magalhães. Precisa-se mencionar Martins Pena, que chegou a ser considerado “o Moliere” brasileiro, pelo seu talento. É forçoso lembrar de escritores do gênero como Arthur Azevedo, Oswald de Andrade, José Celso Martinez Corrêa, Nelson Rodrigues, Álvaro Moreira, Joraci Camargo, Oduvaldo Viana (os dois, pai e filho), Armando Gonzaga, Maria Clara Machado, Leilah Assumpção, Juca de Oliveira, Gianfrancesco Guarnieri, Maria Adelaide Amaral, Domingos de Oliveira, Plínio Marcos e vai por aí afora.
Por isso, não gosto de citar nomes. Nos momentos que mais preciso, a memória me trai. Notem de quantos autores teatrais notáveis estou me esquecendo. Não faz mal. Vocês, certamente, se lembram deles e vão lhes fazer a devida justiça. Injusto (e burro) eu seria, no entanto, se não citasse pelo menos estes que citei.
Como se vê, também nesse campo de atividade não ficamos nada a dever a ninguém no mundo. É, de fato, “a gente morena dos trópicos” mostrando, para a sua geração e para a posteridade, seu inegável valor.
E você, escritor amigo, que nos acompanha há já quase quatro anos, certamente fará o mesmo. Ou seja, escreverá peças tão boas (ou quem sabe, melhores) do que as escritas por este grupo de talentos na arte de redigir comédias e tragédias de primeiríssima linha para ganharem vida nos palcos e nas telas (do País, e quiçá do mundo).
Boa leitura.
O Editor.
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Caríssimo leitor, boa tarde. Num piscar de olhos, eis que chegamos à sexta-feira, véspera de um feriadão prolongado, dia de balada, de encontro descontraído com os amigos para uma cerveja (que ninguém é de ferro) e de se livrar do estresse da semana da melhor maneira possível. Aproveitem, pois, mas não deixem de ler um bom livro e de fazer uma visitinha básica ao Literário, claro.
Há um samba famoso (cujo título e autores não me lembro) que diz, em determinado trecho da letra: “Chegou a hora desta gente morena dos trópicos mostrar seu valor”. Refere-se, óbvio, a nós brasileiros. E, a despeito dos pessimistas e dos muitos que acalentam secular “complexo de vira-latas”, estamos mostrando, nos mais diversos campos de atividade (e há já muito) o quanto valemos.
Tem sujeito cuja maior frustração é não ter nascido norte-americano. No futebol, sente-se um argentino (determinados cronistas esportivos demonstram isso escancaradamente, na maior cara dura) louvando as virtudes dos “hermanos” e vendo mil e um defeitos nos comandados de Dunga, a despeito da nossa seleção haver estabelecido novo recorde mundial de partidas invictas. Estes devem estar prestes a terem um enfarte diante do vexame protagonizado, pelo menos até aqui, pelos lépidos comandados de Dom Diego Maradona. Bem feito!
Mas não é este o assunto que quero tratar com vocês. O tema dos dois dias anteriores, ao qual dou seqüência hoje, é o teatro. Lógico que, desde o princípio, não me propus a escrever detalhado ensaio a respeito (e nem este espaço é o mais apropriado para isso), mas a tecer descompromissados comentários a propósito, dada a relevância desse gênero literário.
Nos dias anteriores, enfatizei os clássicos, tanto os gregos, quanto romanos, franceses e ingleses e observei que apenas cinco autores teatrais já foram premiados com o Nobel de Literatura. Como ninguém me corrigiu, minha pesquisa a respeito deve estar correta.
Ficou parecendo, contudo, que tive um súbito ataque de “complexo de vira-lata” e que, por isso, citei escritores do gênero de todas as partes, menos do Brasil. É que deixei os nossos para o fecho destas considerações, com o objetivo de lhes dar a ênfase que merecem.
O teatro faz parte da nossa formação como povo. José de Anchieta, por exemplo, utilizou-o como método de catequese dos índios, ainda no século XVI. Exemplo disso é a peça que escreveu, intitulada “Auto de São Lourenço”. Há outras, mas essa é a que tive acesso e a de que me lembro, sem precisar forçar muito a memória.
Falar de teatro (brasileiro ou não) sem citar alguns nomes, é cometer um pecado mortal. Tem-se que mencionar, obrigatoriamente, por exemplo, Gonçalves de Magalhães. Precisa-se mencionar Martins Pena, que chegou a ser considerado “o Moliere” brasileiro, pelo seu talento. É forçoso lembrar de escritores do gênero como Arthur Azevedo, Oswald de Andrade, José Celso Martinez Corrêa, Nelson Rodrigues, Álvaro Moreira, Joraci Camargo, Oduvaldo Viana (os dois, pai e filho), Armando Gonzaga, Maria Clara Machado, Leilah Assumpção, Juca de Oliveira, Gianfrancesco Guarnieri, Maria Adelaide Amaral, Domingos de Oliveira, Plínio Marcos e vai por aí afora.
Por isso, não gosto de citar nomes. Nos momentos que mais preciso, a memória me trai. Notem de quantos autores teatrais notáveis estou me esquecendo. Não faz mal. Vocês, certamente, se lembram deles e vão lhes fazer a devida justiça. Injusto (e burro) eu seria, no entanto, se não citasse pelo menos estes que citei.
Como se vê, também nesse campo de atividade não ficamos nada a dever a ninguém no mundo. É, de fato, “a gente morena dos trópicos” mostrando, para a sua geração e para a posteridade, seu inegável valor.
E você, escritor amigo, que nos acompanha há já quase quatro anos, certamente fará o mesmo. Ou seja, escreverá peças tão boas (ou quem sabe, melhores) do que as escritas por este grupo de talentos na arte de redigir comédias e tragédias de primeiríssima linha para ganharem vida nos palcos e nas telas (do País, e quiçá do mundo).
Boa leitura.
O Editor.
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"Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor": Novos Baianos.
ResponderExcluirLembrei-me de Ariano Suassuna e o Auto da Compadecida.