Literatura infantil
Muitos
torcem o nariz quando o assunto se refere a histórias para crianças.
Todavia, não há público mais exigente e, simultaneamente, mais
fiel do que este. Ao escritor compete a difícil tarefa de
interessá-lo no seu texto, torná-lo cúmplice, fazer com que
mergulhe de cabeça na leitura e, além de aprender alguma coisa, se
divirta.
Não
é qualquer um que consegue essa façanha. Já tentei fazer
literatura infantil e dei com os burros n’água, ou seja,
fracassei. Não é a minha praia. Daí minha sincera admiração e
meu profundo respeito pelos que contam com este talento.
Ao
contrário de livros para adultos, em que não se precisa pensar na
idade dos que os irão ler, quando se trata de uma história para
crianças, deve-se atentar para a faixa etária do potencial leitor.
O nível de compreensão de um menininho ou menininha de quatro anos,
por exemplo, não é, obviamente, o mesmo de um que tenha seis, oito
ou dez anos. Há escritor que se especializa em cada uma dessas
faixas. E quase sempre se dá bem. Público para consumir seus livros
é que não falta.
Aquilo
que no tempo em que eu era criança era destinado a quem tivesse seis
anos, hoje é voltado à turminha menor, “mais verde”, a das
creches, ou seja, ao pessoal de dois a quatro anos. Muitos dos que
integram essa faixa (se não todos), já estão alfabetizados. A
alfabetização é cada dia mais precoce. Não faço juízo de valor
sobre se isso é bom ou ruim, pois não sou psicólogo. Minha
intuição, porém, cochicha-me no ouvido que isso é ótimo.
A
minha geração é anterior ao advento da televisão. Computador,
então, nem pensar. Hoje, surpreendo-me com as observações do meu
neto João Vítor, que no próximo mês completará nove anos, que já
compreende coisas que só vim a compreender com o dobro da sua idade.
Há
pérolas da literatura infantil que são atemporais, que encantaram
meus avós e hoje encantam meus netos. São os casos, entre outros,
dos livros de histórias de Andersen, de Grimm e de tantos e tantos
outros. Mas quando se fala nesse gênero, não se pode esquecer,
jamais, desse mágico das letras nacionais, que foi Monteiro Lobato.
Há,
hoje, uma infinidade de ótimos escritores para essa faixa etária.
Não citarei nenhum, obviamente, por receio de cometer injustiças (e
cometeria, certamente, dada, felizmente, a imensa quantidade deles).
São essas pessoas talentosas que estão preparando nossos leitores
do futuro. Prestam-nos, portanto, inestimável serviço e é mister
que os homenageemos, mesmo que com o mero reconhecimento da sua
importância e valor.
Foram
os escritores de literatura infantil do nosso tempo que nos
despertaram o gosto pelas letras. “Viajamos” para mundos
distantes nas asas da sua imaginação. Podemos (e devemos),
portanto, atribuir-lhes pelo menos uma parte (a outra fica por conta
dos nossos professores) da responsabilidade de termos nos tornado
escritores.
Tenho
por critério valorizar em grau maior quem faz o que não consigo
fazer. Não que não valorize os que fazem o que também faço. Não
é isso. Mas é óbvio que meu respeito e minha admiração pelos que
me superam nesse aspecto, até por questão de lógica, são
superlativos. E como não demonstro a menor aptidão para a
literatura infantil.... Tenho esse pessoal na mais alta conta. Creio
que você, caro leitor, também o tenha. Se não tem, deveria ter.
Boa
leitura!
O
Editor.
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