sexta-feira, 27 de abril de 2018

A morte de um leão - Leconte de Lisle


A morte de um leão


* Por Leconte de Lisle


Ávido do ar livre era um velho caçador
Ao sangue negro dos bois habituara-se
E do alto as planícies e o mar a contemplar.

No inferno vagando como um réprobo,
Desta multidão pro prazer estéril
Na janela de ferro andando pra lá e pra cá,
A rude cabeça contra dois tabiques batendo.

O infausto destino, por fim, agora consumado:
De beber e comer bruscamente cessou, 
E a alma vagabunda a morte levou-lhe.

Oh, coração, pela revolta sempre atormentado,
O qual, arquejante, pra janela do mundo regressas, 
Covarde, por que não ages como o fez este leão?


(Trad. de Cunha e Silva Filho)


* Charles Marie René Leconte de Lisle foi poeta e intelectual francês.


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