Magia
*
Por Francisco Simões
No
alto da duna branca
A
vida pousa e descansa,
Meu
pensamento na escuna
Velejando
em lembranças.
O
vento que vai passando
Me
chama para o momento
E
vejo o sol bocejando,
Discreto,
se escondendo,
Sem
pressa, suave, bem lento.
As
cores vão desbotando
Apagando
mais um dia,
A
noite vai se espalhando
Trazendo
de volta a magia.
O
poeta acende as estrelas
E
enfeita o palco noturno,
Alegres
duendes vêm vê-las
Até
um pigmeu soturno.
O
sorriso da lua cheia,
Que
alceia, ilumina o mar
Com
as fadas a espreitar.
No
ar há murmúrios de preces
De
crentes, doentes, amantes,
Que
os anjos, seres mutantes,
Vão
entregá-las aos santos.
Lágrimas,
sorrisos, espantos,
O
encanto dos narcisos,
O
medo dos desencantos,
A
ciranda dos indecisos,
A
profecia dos insanos,
A
calçada dos excluídos,
A
injúria dos profanos,
A
angústia dos oprimidos,
A
vergonha dos desonrados,
A
vigília dos perseguidos,
O
riso dos dissimulados,
O
desprezo dos abjetos,
A
fé que não desanima,
A
mão que esqueceu o afeto,
O
verso que perdeu a rima.
A
voz da noite confia
Muitos
segredos ao vento
Enquanto
mil pensamentos
Planejam
na fantasia.
Nas
trevas o silêncio vigia,
A
morte se confunde ao sono,
O
mistério se refugia,
A
vida acorda pro sonho.
*
Jornalista,
poeta e escritor.
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