Ironia
de lágrimas
*
Por Cruz e Sousa
Junto
da morte é que floresce a vida!
Andamos rindo junto a sepultura.
A boca aberta, escancarada, escura
Da cova é como flor apodrecida.
Andamos rindo junto a sepultura.
A boca aberta, escancarada, escura
Da cova é como flor apodrecida.
A
Morte lembra a estranha Margarida
Do nosso corpo, Fausto sem ventura…
Ela anda em torno a toda criatura
Numa dança macabra indefinida.
Do nosso corpo, Fausto sem ventura…
Ela anda em torno a toda criatura
Numa dança macabra indefinida.
Vem
revestida em suas negras sedas
E a marteladas lúgubres e tredas
Das Ilusões o eterno esquife prega.
E a marteladas lúgubres e tredas
Das Ilusões o eterno esquife prega.
E
adeus caminhos vãos mundos risonhos!
Lá vem a loba que devora os sonhos,
Faminta, absconsa, imponderada cega!
Lá vem a loba que devora os sonhos,
Faminta, absconsa, imponderada cega!
* Poeta, apelidado de “Dante Negro” e de “Cisne Negro”, um dos precursores do Simbolismo no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário