Visitas
* Por
Octávio Paz
Através
da noite urbana de pedra e seca
o
campo entra no meu quarto.
Estende
braços verdes com pulseiras de pássaros,
com
fivelas de folhas.
Leva
um rio à mão.
O
céu do campo também entra,
com
o seu cesto de jóias acabadas de cortar.
E
o mar senta-se ao meu lado,
estende
a sua cauda branquíssima no solo.
No
silêncio brota uma árvore de música.
Na
árvore pendem todas as palavras formosas
que
brilham, amadurecem e caem.
Na
minha testa, uma caverna onde mora um relâmpago...
Porém,
tudo se povoou com asas.
Diz-me:
é deveras o campo que vem de tão longe,
ou
és tu, são os sonhos que sonhas ao meu lado?
(Tradução
de Luís Costa).
*
Poeta, ensaísta, tradutor e diplomata, ganhador do Prêmio Nobel de
Literatura de 1990.
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