quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Despacito abraça o planeta Terra

* Por Mara Narciso
 
Mesmo com a comunicação instantânea da internet, desconhecia a música “Despacito”, acreditem, até há apenas três meses. Ela me chegou pelo WhatsApp, num vídeo que mostrava um rapaz bem vestido tocando saxofone, num lugar elegante. E a música, como é o costume dela, entrou-me pelos poros e em segundos já tinha ganhando meu espírito que balançava junto com ela
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Então, minha irmã Carla viajou para a América Central e de lá mandou-me uma mensagem dizendo estar ouvindo o Despacito. Foi quando me dei conta de que algo grande tinha acontecido. Busquei no Google e descobri que a música, por ter conteúdo sexual havia sido proibida em território da Malásia. Isso me fez interessar pela letra em Espanhol, que de fato fala de sexo.
 
Ainda não sabia quem eram seus compositores Luis Fonsi, Erika Ender e Daddy Yankee. O rapper Daddy Yankee é co-autor e portorriquenho como o autor Luis Fonsi, de 39 anos, e, a autora é panamenha. Ambos os autores criaram letra e música em parceria. Erika Ender, de 42 anos, é filha de uma baiana e diz que compôs “Despacito – que quer dizer devagarinho - em 4 horas para falar de sexo com delicadeza, respeito e bom gosto, tendo uma mensagem positiva na medida certa”. A cantora e compositora também fez uma versão de Despacito para o Português, o qual fala com sotaque baiano.
 
Lançada em 13 de janeiro de 2017, a música estilo reggaeton explodiu com o furor de muitas bombas, popularidade fácil de ser medida, bastando ver as visualizações do clipe oficial no YouTube, assistido por 3,6 bilhões de pessoas. Bilhões mesmo! Também não é para menos e em breve será muito mais. Tudo relativo à música, que se espalhou mundo afora, tem dimensões bíblicas, sendo uma melodia que nasceu clássica e eterna.
 
No videoclipe, um mar maravilhoso, verde aveludado, uma bamboleante mulher morena, de short e a cena dançante na periferia de uma cidade. Há um bailado, e a dança é provocante. Do dia claro, muda-se para o interior pesado de uma boate, e a festa continua com a mesma mulher, desta vez semidespida numa roupa ultra decotada.
 
A maior provocação é quando, em dois momentos, um casal dá um salto, um em direção do outro, trombando os montes púbicos, numa ação vigorosa. E, ainda que haja essa cena, que tem pegada forte, a letra da música fala de ação vagarosa, suavidade e afeto.
 
O hit ganhou novo “up” quando Justin Bieber fez um remix com ela e a lançou em Inglês nos Estados Unidos. Também foram feitas várias traduções, uso de instrumentos clássicos e inesperados, paródias, versões para orquestra sinfônica, dança de bonecos, desenhos e outras manifestações, muitas delas com milhões de visualizações da melodia, que impregnou o mundo. Depois de La Bamba, aquela música que é usada para jogar pessoas na pista de dança, nunca tinha sido feita uma música tão dançante.
 
Mesmo que falar Espanhol não seja tão fácil para os brasileiros, o que se vê é a obrigatoriedade da apresentação de Despacito nos ambientes festivos. E o resultado? Pista cheia de pessoas acanhadas em princípio, que logo se soltam no compasso do hit mais dançante da internet.
 
Há os que não querem mais ouvi-la, pois nos sete mares e nos cinco continentes os acordes de Despacito foram ouvidos, cantados e dançados à exaustão. E até por isso mesmo, a mais moralista das pessoas haverá de, contra a sua vontade, bater os pés no ritmo da música, instintivamente, naquele velho estilo de Gonzaguinha: “Não dá mais pra segurar, explode coração!”


* Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”




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