quinta-feira, 13 de janeiro de 2011




O escorpião sonolento (fragmentos)

* Por Péricles Prade



Os rios não se partem,partem a mim
que apenas os conheço como afogado
em suas entranhas, sábio ou despido
entre vegetais, oh cobertor marinho

0 olho não vê a carruagem da morte
que conduz no liquido o corpo azul
Sem rede o prisioneiro laçou o sol
Assim pôde o herói salvar o menino

0 mergulho é passageiro, uma viagem
ao interior da água para conquista
da estrela farsante entre espinhos

Na volta o ar não surpreende,soprei
outra vez mantendo o passo contido
pelo relógio que não quer as horas

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0 tesouro é procurado nos centros
das metrópoles, mas é nos infernos
que ele esta, guardado nos altares
que cobrem o rosto do desesperado

Não quero as moedas, as espalhadas
pelos errantes círculos, as doidas
construtoras,as pesadas, as fartas
que na cor já revelaram os tempos

No bolso ha o estranho ritmo, sede
do ouro; nem se quisesse o demônio
ele saltaria para o viciado corpo

Faca é de prata, a morte vale mais
assim, mais respeitada, pois morrer
é bom se presente a nobre matéria

• Poeta, contista, ensaísta, crítico literário e de artes plásticas catarinense, autor dos livros “Este interior de serpentes alegres”, “Sereia e castiças”, “Nos limites do fogo”, “Os faróis invisíveis”, “Jaula amorosa”, “Pequeno tratado poético das asas” e “Além dos símbolos”, entre outros.

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