terça-feira, 11 de janeiro de 2011




Cantada de bar

* Por Talis Andrade

Eu te ofereço
o amor dos loucos
dos suicidas
dos marginais
O amor viajante dos nautas
O amor de uma noite
que privilegia
a magia de um instante
uma taça de vinho
um lânguido olhar
O amor que se acalenta
na música lenta
chorada em um bar
O amor de paquera
que não nasce da procura
que pega o primeiro
da fila de espera
O amor aventureiro que nasce
com o gosto de ruptura
O amor desenraizado
e fora de hora
O amor descompromissado
nascido do vício
O amor que pede o prazer
aqui e agora
desde o início
O amor sacana
devasso amor
suspirado pelas mulheres
na escuridão da cama
O amor bandido
clareado pelas luzes
da pensão das horizontais
frias luzes azuis vermelhas
luzes frias e mortais
O amor obscuro
melado de batom barato
das mulheres do cais
cujas unhas pintadas de encarnado
ficassem gravadas no teu peito
Um amor que fizesse
cintilar teus olhos
despertando os sentidos
de fêmea no estro
o corpo submisso
aos caprichos do sexo



(Do livro “Cavalos da miragem”).

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

2 comentários:

  1. E quem não sucumbiria a uma cantada
    dessas?
    Parabéns Talis.
    Abraços

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  2. Não é por acaso que os poetas fazem tanto sucesso com as mulheres, não é Tális? Lindo poema! Abraços

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