quarta-feira, 5 de janeiro de 2011


As lágrimas dos olhos de minha mãe


* Por Anand Rao

As lágrimas dos olhos de minha mãe
Vêm do tempo
Do belo
Das ruas e dos ventos
Que não voltam mais.

São lágrimas de outono
Onde o inverno febril se fez primavera
São lágrimas de saudade
Onde o amor se fez liberdade.

Minha mãe tem os olhos do agora
E as vivencias do ontem
Nas sensações do amanhã.

É distante como são distantes os cristais
Que resplandecem a luz plena dos mortais
Mas minha mãe ama demais
Os filhos que não voltam mais
Os meninos que brincavam pelos cantos da casa
E brigavam em cantos de pássaros e pardais.

As lágrimas e a energia de minha mãe
Sua liderança e altivez
Virtudes que a faz ímpar
Sublime aos olhos e ao sal do mar
Do maranhão que por si só permanece nas palavra de Rita
Sua mãe, seu céu, seu ar.

Familiar
Suas frases e seus olhos
Estão a milhas daqui
E eu quero trilhar essas milhas
Indo buscar no afeto
O amor da voz em si.

As lágrimas dos olhos de minha mãe
Regam os caminhos de todos
E são luzes da ribalta mais breve
São laços das mãos mais leves
Carinhos, carinhos que não desfrutei.

Quais lindas lágrimas
De lembranças e saudades do meu pai
Quão linda são as lágrimas
Ao vir de dentro
E externar o mais nobre sentimento
Os anos que ainda estão por vir
Pois os que se foram
São estórias calcadas em passos e brindes
E risos que dormem nas calçadas da vida.

Sua pele macia, seu rosto símbolo vivo da joviandade
São cios de saudade
Ao frio
E o calor do seu coração
Incendeia as chamas dos rios
E o amor da ilusão.

As lágrimas dos olhos de minha mãe
São páginas de um livro que se escreve dia a dia
Nas letras costuradas aqui
Formando um novelo que não dorme
Acorda e em cada um
Aquece a alma de se amar.

Mãe
De filho, tenho os bordados do seu encanto
E suas lágrimas são meu manto
Me cobrem, toda noite, embalando meus encantos
E com certeza
Tenho os ensinamentos de tuas mãos
Bordados em mim.

As lágrimas dos olhos de minha mãe
São assim assim
Sem fim
E dão início ao meu poema que nunca termina.

Fim.

(Escrito por Anand Rao ouvindo When I Fall in Love interpretado pelo trumpetista Chris Botti em 29 de junho de 2007 às 18:28 hs)


* Jornalista, Músico, Escritor e Produtor. Site - www.anandraobr.com

Um comentário:

  1. Mães...mesmo que já tenham partido
    ou "encantado", estão sempre por perto.
    Abraços

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