quinta-feira, 11 de novembro de 2010




Lição de sabedoria

* Por Marleuza Machado

Margareth me viu em lágrimas. Não questionou os motivos, não quis saber as razões. Sem que eu nada relatasse, fez uma colocação interessante: -Você estava com um pequeno problema de locomoção, lançou mão de um par de muletas e agora, sã, não quer abandonar esses "apetrechos" de que não precisa para concluir sua volta no parque. Ouvi, entre uma lágrima e aquele nó na garganta. Comecei a pensar: De onde viria o conhecimento psicológico de Margareth, quando num exemplo simples, traduziu o medo que eu sentia?

Como eu ainda demonstrava incerteza a cerca das minhas capacidades , ela continuou, interrogando: - Você acha que sou "tora"? Respondi prontamente: Demais! Ela retrucou: - Pois você é muito mais forte que eu. Como eu a olhava de forma interrogativa, sem que pedisse, exemplificou: - Quando vou à guerra, venço a batalha e estraçalho meu inimigo. Nada sobra dele! Você, quando enfrenta uma batalha, além de vencê-la, conquista seu adversário, fazendo dele um aliado. Isso, porque, diferente de mim, que possuo uma força bruta, você suaviza a sua com porções generosas de doçura, característica muito especial da sua personalidade. Só é preciso não confundir esta qualidade com fraqueza, como vem sempre fazendo . Este é o grande desafio a ser vencido em primeiro plano para atingir suas metas, sem derramar tantas lágrimas.

Percebi então que Margareth traz o conhecimento das muitas voltas dadas no parque. Sempre com um sorriso no rosto, a experiência de seis casamentos e uma sabedoria de fazer inveja a qualquer "letrado" nas ciências do emocional, ela me deu um tapa na cara que despertou-me da letargia, sem a necessidade de levantar a mão. Exaltou as qualidades que eu possuia, minha força e capacidade de ação. Aliás, mesmo em lágrimas, Margareth disse que eu estava linda; ela via muita luz irradiando a partir de mim.

E o melhor é que ela existe. Não faz parte do meu imaginário! É reconfortante saber que no momento necessário, ela terá a palavra certa. Ela dará um tapa, que ao invés de traumatizar, despertará aquele que chora. Fará com que ele abra os olhos para um mundo que, até então, ocultava-se sob o nefasto véu do medo.

• Jornalista

2 comentários:

  1. Bela mensagem Marleuza.
    Parabéns pelo texto.
    Abraços

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  2. A confraternização com o inimigo pode ser boa estratégia, mas de fato, frequentemente é vista como sinal de fraqueza.
    Reparo: Diria que a palavra "acerca" escreve-se junto.

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