Lágrimas de saudades
Por Eddyr o Guerreiro
(Ao meu saudoso e amado pai)
Diazinho esquisito esse de hoje,
Está fazendo exatamente
Trinta e oito anos que o senhor se foi
E ainda,
Não consigo suportar sua ausência...
É sério!
Quando pego meus escritos de época,
Lembro-me de quando chegava a sua oficina
Todo descabelado
Uniforme escolar sujo e amassado
Sapatos,
Aquele tanque colegial
Um pé amarrado no outro jogado sobre o ombro
E o senhor abria um sorriso e dizia:
“Lá vem meu poeta”...
Todos os dias eu tinha uma coisinha escrita
O senhor pegava e lia para seus funcionários
Seus sócios
Dizendo que no dia de um amanhã
Despontaria um poeta.
Me abraçava
Me beijava
Me dava lanche
E me mandava brincar até minha mãe chegar
Para depois me levar pra casa...
Sabe pai,
Eu até tento um poeta ser,
Mas como agora,
Não escrevo um poema
Estou aqui dando um depoimento
Do quanto importante em minha vida
O senhor foi
E o quanto de importante
Trago em memória
Essas boas lembranças
Lembranças de uma infância feliz.
Sei que minha mãe
Minha avó
E minhas tias,
Eram duras na queda,
Volta e meia me surrupiavam
Com aquela correia de couro cru chamada Margarida.
Quantas e quantas vezes fui pego de jeito por elas,
Mas depois,
Lá estava sempre o senhor pronto para me ouvir
Pronto para me mostrar o que era certo
O que era errado...
Elas enlouqueciam comigo,
Porque eu apanhava e não chorava..
Gostei daquela pernada que um dia
O senhor deu na minha avó
Porque ela queria me sentar o chicote.
Que lembranças hein!
O senhor não era o Romário,
Acho que ele nem tinha nascido ainda,
Mas o senhor já era o cara...
Sabe pai
Eu passei a não suportar esse mês de janeiro,
Porque foi nele
Que pela primeira vez,
Decepcionei-me com Deus.
É isso mesmo!
Lembro que minha avó
Queria me obrigar a dar benção,
Beijar a mão do padre
Que parecia ali diante de seu caixão
Estar de má vontade quando fazia uma oração.
Ah meu pai,
Não beijei a mão dele não,
Contrariei todo mundo...
Também me lembro daquele seu irmão,
Aquele saco de peidos que era doido por minha mãe
E que de tudo fez para lhe prejudicar
Até mesmo o denunciando como comunista.
Que safado!
Ele na hora que seu caixão desceu e foi coberto pela terra,
Depositou uma coroa de flores
E disse: “Se meu irmão nunca recebeu uma coroa em vida,
Recebe agora essa coroa de flores em sua morte”.
Eu pirei!
Peguei a coroa e joguei em cima dele.
Disse que o senhor não precisava dele, nada receber.
Ué! Fiz o que achei certo.
Quase ninguém viu
Porque acho que estavam com pressa de irem embora,
Mas o Jorge também seu filho
E meu tio Helio que era muito seu amigo viram.
Sei que mais pessoas viram, mas não me lembro quais.
Ele,
Aquele gordão safado,
Me olhou com ódio,
Mas estava lá o Jorge e meu tio Helio Para dar o que viesse.
Com certeza eu tiraria uma casquinha,
Ao menos uma paulada daria nele...
É isso Grande Lagarto ou Chave-de-Fenda,
Era assim que o senhor gostava de ser chamado,
Grande malandrão trabalhador da velha Lapa,
Até meus últimos momentos de vida
Estarei sempre a lembrar das coisas boas
Que juntos vivemos.
Confesso que venho estado triste,
Mas é a tristeza de não poder ter te visto velhinho
E de poder cuidar do senhor como bem o senhor,
De mim cuidou.
É, Grande Lagarto ou Chave-de-Fenda
Não resisto,
Aqui sozinho perdido em meus pensamentos,
Minhas vistas embaçam
E meu rosto se transforma numa cachoeira de lágrimas,
Lágrimas de saudades...
* Colaborador do Literário
Por Eddyr o Guerreiro
(Ao meu saudoso e amado pai)
Diazinho esquisito esse de hoje,
Está fazendo exatamente
Trinta e oito anos que o senhor se foi
E ainda,
Não consigo suportar sua ausência...
É sério!
Quando pego meus escritos de época,
Lembro-me de quando chegava a sua oficina
Todo descabelado
Uniforme escolar sujo e amassado
Sapatos,
Aquele tanque colegial
Um pé amarrado no outro jogado sobre o ombro
E o senhor abria um sorriso e dizia:
“Lá vem meu poeta”...
Todos os dias eu tinha uma coisinha escrita
O senhor pegava e lia para seus funcionários
Seus sócios
Dizendo que no dia de um amanhã
Despontaria um poeta.
Me abraçava
Me beijava
Me dava lanche
E me mandava brincar até minha mãe chegar
Para depois me levar pra casa...
Sabe pai,
Eu até tento um poeta ser,
Mas como agora,
Não escrevo um poema
Estou aqui dando um depoimento
Do quanto importante em minha vida
O senhor foi
E o quanto de importante
Trago em memória
Essas boas lembranças
Lembranças de uma infância feliz.
Sei que minha mãe
Minha avó
E minhas tias,
Eram duras na queda,
Volta e meia me surrupiavam
Com aquela correia de couro cru chamada Margarida.
Quantas e quantas vezes fui pego de jeito por elas,
Mas depois,
Lá estava sempre o senhor pronto para me ouvir
Pronto para me mostrar o que era certo
O que era errado...
Elas enlouqueciam comigo,
Porque eu apanhava e não chorava..
Gostei daquela pernada que um dia
O senhor deu na minha avó
Porque ela queria me sentar o chicote.
Que lembranças hein!
O senhor não era o Romário,
Acho que ele nem tinha nascido ainda,
Mas o senhor já era o cara...
Sabe pai
Eu passei a não suportar esse mês de janeiro,
Porque foi nele
Que pela primeira vez,
Decepcionei-me com Deus.
É isso mesmo!
Lembro que minha avó
Queria me obrigar a dar benção,
Beijar a mão do padre
Que parecia ali diante de seu caixão
Estar de má vontade quando fazia uma oração.
Ah meu pai,
Não beijei a mão dele não,
Contrariei todo mundo...
Também me lembro daquele seu irmão,
Aquele saco de peidos que era doido por minha mãe
E que de tudo fez para lhe prejudicar
Até mesmo o denunciando como comunista.
Que safado!
Ele na hora que seu caixão desceu e foi coberto pela terra,
Depositou uma coroa de flores
E disse: “Se meu irmão nunca recebeu uma coroa em vida,
Recebe agora essa coroa de flores em sua morte”.
Eu pirei!
Peguei a coroa e joguei em cima dele.
Disse que o senhor não precisava dele, nada receber.
Ué! Fiz o que achei certo.
Quase ninguém viu
Porque acho que estavam com pressa de irem embora,
Mas o Jorge também seu filho
E meu tio Helio que era muito seu amigo viram.
Sei que mais pessoas viram, mas não me lembro quais.
Ele,
Aquele gordão safado,
Me olhou com ódio,
Mas estava lá o Jorge e meu tio Helio Para dar o que viesse.
Com certeza eu tiraria uma casquinha,
Ao menos uma paulada daria nele...
É isso Grande Lagarto ou Chave-de-Fenda,
Era assim que o senhor gostava de ser chamado,
Grande malandrão trabalhador da velha Lapa,
Até meus últimos momentos de vida
Estarei sempre a lembrar das coisas boas
Que juntos vivemos.
Confesso que venho estado triste,
Mas é a tristeza de não poder ter te visto velhinho
E de poder cuidar do senhor como bem o senhor,
De mim cuidou.
É, Grande Lagarto ou Chave-de-Fenda
Não resisto,
Aqui sozinho perdido em meus pensamentos,
Minhas vistas embaçam
E meu rosto se transforma numa cachoeira de lágrimas,
Lágrimas de saudades...
* Colaborador do Literário
Explode, coração! Que monumental declaração de amor filial! Que pai maravilhoso vc teve! Chega a dar inveja, pq o meu rasgou meu primeiro livro de "poesias", dos oito pros nove aos, pq dizia que poesia não dava dinheiro a ninguém! Por isso, mesmo sem conhecer teu pai, tb sinto de alguma forma a falta dele. Parabéns.
ResponderExcluirGrande Daniel! Obrigado por tua apreciação quanto meus rabiscos. Sabe né; dia 31 de janeiro se aproxima e eu, fico por aqui coberto de saudades do meu Chave-de-Fendas ou Lagarto, era assim que meu amado pai gostava de ser chamado. Valeu companheiro. agradeço também ao Escrevinhador pela atenção a esse poema/depoimento que fiz em homenagem a meu pai. Abraços... Eu Eddyr o Guerreiro (guerreirorjjpa@hotmail.com)
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