sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Parto difícil

* Por Ana Deliberador


Maria do Getúlio, assim era conhecida aquela mulher.

Não era Maria, ou Maria Parteira. Era Maria do Getúlio. Getúlio, seu marido, que até hoje não sei o que fazia, no que trabalhava. Mas Maria, sim.

Maria era parteira.

E como era importante essa Maria!

Trazia ao mundo quase todos os bebês. O médico só era chamado em último caso, quando o parto era muito difícil. E às vezes, é claro, não havia como chamar o médico e era ela, a Maria do Getúlio, que enfrentava o problema.

E não foi diferente naquele dia.

Correu para atender a moça em trabalho de parto. Era o quarto filho, mas parecia ser o primeiro, tal a dificuldade.

Maria do Getúlio tentou de tudo.

Empurrou a criança. Puxou a criança. Usou ferros. E nada!

Quando viu que mãe e filho iriam morrer, começou a arrancar a criança aos pedaços. Matou a criança para salvar a mãe.  

Mas não conseguiu!

E, naquele dia, nas suas mãos, pelas quais tantos bebês haviam nascido e que tantas mães haviam salvado, morreu a própria filha.

* Professora, pintora e escritora


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