quinta-feira, 13 de outubro de 2016

A Bagaceira


* Por Anamaria Kovács


O romance "A Bagaceira", de José Américo de Almeida, de 1928, é considerado como o marco inicial do romance moderno do nordeste brasileiro. Essa obra mostra os rumos que tomaram o idealismo e o nacionalismo das novas gerações políticas do Brasil, que foram responsáveis pela Revolução de 1930.

José Américo de Almeida era político, ao mesmo tempo em que era romancista, e colocou o romance nordestino em posição oposta aos romances cosmopolitas de alguns autores modernistas. Sua obra chegou no momento oportuno. O autor esperava crítica e hostilidade para sua obra e, devido a isso, já no início do texto se defendia. Contudo, sentia um apoio regionalista de Gilberto Freire e seus amigos. Esse apoio foi reforçado por alguns círculos modernistas e alguns críticos independentes, tudo em nome do nacionalismo da época.

O orgulho de ser nordestino, o protesto contra as condições de vida daquele povo e a realidade local, tudo isso serviu como ponto de partida para outros autores.

Contudo, a linguagem utilizada pelo autor não foi repetida por outros autores, pois eram alusões clássicas e as frases eram construídas com perfeição.

A mistura de tais construções clássica com as sertanejas deu um valor excepcional à obra.

O lastro sociológico, a poesia, o romantismo e o sentimento demonstrados na obra no momento frágil em que o País se encontrava na época de sua publicação, se tornaram responsáveis pela sua importância dentro da literatura brasileira na primeira metade do Século XX.

* Escritora, jornalista e professora universitária


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