terça-feira, 19 de novembro de 2013

O esquecido

* Por Eduardo Oliveira Freire

- Olá, Antônia!
- Me Conhece?
- Há vinte anos.
- De onde?
- Da escola. Você era do ginásio e eu, do primário. Sou José.
- Não me lembro de você.
- É que sou assim, todos me esquecem.
- Que triste.
- No início ficava, mas depois percebi certas vantagens.
- Quais?
- De fazer o que bem entender.
- Quer me transmitir medo, José?
- Não, só quero amá-la.
-Olha o respeito, sou uma mulher casada.
- Por favor, Antônia...

Ela cedeu às súplicas de José. Depois, ele foi embora e Antônia nem se lembrava mais do acontecido. Voltou a caminhar e a ver as vitrines das lojas.
O único fato que percebeu, foi que o forte desejo de trair o marido se dissipou em seus pensamentos.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor


Um comentário:

  1. Já tinha acontecido. É a famosa amnésia seletiva. Lembrar apenas do que convém. Restante, melhor esquecer para sempre.

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