sábado, 23 de novembro de 2013

Por um Brasil melhor

* Por Rodrigo Capella


Cada vez mais, os autores brasileiros buscam diversificar o conteúdo dos livros, abordando ora prosa, ora poesia. Em alguns casos, misturam os dois gêneros, oferecendo uma obra bem complexa para o leitor. No Brasil, portanto, não existe mais quem faça apenas romance ou poemas. Os novos escribas são generalistas e adoram defender esse tipo de título, como se vivenciassem uma verdadeira revolução literária.

Essa nova tendência surge como reação dos escritores ao atual cenário de nossa literatura. Faltam livrarias, sobram livros. De acordo com entidades do setor editorial, temos apenas 1.700 livrarias espalhadas por apenas 10% dos municípios brasileiros. Para complicar ainda mais as coisas, elas recebem aproximadamente 20.000 novos livros ao ano, sem contar as reedições e reimpressões. Faltam, nesse contexto, oportunidades de expor os livros, sobram talentos, uns esplêndidos, outros nem tanto.

Os autores que querem continuar na estante ou entrar nela precisam, portanto, adotar estratégias para conquistar o grande público. Só assim terão sucesso no meio editorial. Muitos escribas optaram, então, por mesclar os gêneros, causando certa estranheza no leitor, acostumado em escolher prosa ou poesia, na maioria das vezes a primeira.

Essa é a nova fase da literatura brasileira, que propiciará, em breve, o surgimento de mais um movimento literário. Provavelmente, algo terminado em “ismo” ou “Semana de alguma coisa”. Não importa o nome. A proposta é mais valiosa do que uma simples designação e deve ser discutida: nossa literatura está no vermelho, precisa de soluções e de propostas. Isso cabe aos escritores e aos leitores.

Ela precisa, também, de um novo ânimo, de mais motivação e alegria. Isso cabe às iniciativas governamentais, que poderiam, por exemplo, investir mais em eventos literários e em feiras de livros. Além disso, a literatura brasileira precisa de mais energia. Isso cabe ao segmento editorial, que invés de reclamar da falta de leitores, precisa organizar campanhas de incentivo a leitura.

Essa é a receita: escritores, governo, sociedade e segmento editorial unidos em prol da leitura e da educação brasileira. Só assim teremos um progresso, só assim construiremos um Brasil melhor.


(*) Escritor e poeta. Autor de "Poesia não vende", que conta com depoimentos de Ivan Lins, Bárbara Paz e Moacyr Scliar, entre outros. Informações: www.rodrigocapella.com.br



Nenhum comentário:

Postar um comentário