sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Deixa-o viver

* Por Eduardo Oliveira Freire

O telefone tocou:
- Alô?
- Por que matou Clarice?
- Quem é você?
- Um leitor revoltado, Clarice era tudo no romance.
- Respeito sua opinião, mas a história é minha.
- Clarice não é mais sua! Ela vive na imaginação de cada leitor.
- Desculpa, preciso desligar.
- Mas, antes lhe direi uma coisa: Morrerá.
- Tenho muito que fazer, sugiro que escreva seu próprio livro.
Desligou o telefone e deitou no sofá. De repente, escutou um rugido. Uma pantera apareceu e o atacou. Os olhos da fera eram os mesmos de Clarice.

***

Eduardo terminou de escrever o conto, mas resolveu apagá-lo. O telefone tocou:

- Não pode apagar o texto! Deixa-o viver!


* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor

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