segunda-feira, 1 de abril de 2013


O homem certo

* Por Roberto Corrêa

Revendo alguns textos escritos há mais de dez anos, não publicados não sei bem por quê, resolvo fazê-lo agora, pois, modéstia a parte, acho que são oportunos , enquadrando-se no processo educacional ainda tão carente em que nos encontramos. “Admirável, organizada e perfeita seria a sociedade que seguisse à risca o sábio provérbio inglês the right man, in the right place (o homem certo no lugar certo).

As tristes conjunturas notadas no país decorrem inquestionavelmente: homens incompetentes, errados (wrong men), despreparados, executam mal as tarefas que lhes foram ou são confiadas. Encontrar o homem certo e aonde, eis a questão. Nós próprios criamos barreiras, regras ou empecilhos, completamente desvinculados da realidade.

É fácil exemplificar: por que o cidadão deve se aposentar aos 60,65,70,75 se se encontra capacitado para continuar com as tarefas que vinha exercendo ou executando? Mero formalismo, escudado em pseudas ciências e em princípios de merchandising explorativos da força juvenil ou da degenerescência dos idosos. O relativismo é inconteste, pois há idosos saudáveis, impregnados de insuperável experiência e jovens doentios, obsoletos e despreparados.

O emprego de tais métodos possibilita, com maior facilidade, colocar o indivíduo errado, para executar tarefas importantes que competiriam ao homem certo. Acreditamos que a solução para tal erro – não absoluta, mas parcial –, exigiria reforma da Constituição (emenda constitucional), para nela se inserir, em termos iguais ou semelhantes, o seguinte mandamento: todo cidadão- vedado qualquer limite de idade máxima-, poderá exercer sem restrições, atividades para os quais se considere apto e desde que não tenha impedimentos físicos ou mentais incontornáveis.

Complementando o tema, resta dizer, numa linguagem da moda: os idosos marcaram bobeira. Oriundos de geração repressiva e autoritária, os homens da chamada terceira idade cometeram- provavelmente sem pensar-, a imprudência de criarem filhos em regime de plena liberdade e democracia. Hoje amargam problemas, inclusive ínfimas aposentadorias, esquecidos de que foram os grandes responsáveis por tal situação. Erraram quando, extemporaneamente, abdicaram das suas prerrogativas de chefes, dirigentes, superiores e deixaram de fixar normas, direitos, confiando o encargo aos filhos, netos, companheiros. Passaram a ser mandados quando deveriam mandar. Cometeram insanável erro que, esperamos não o cometam as gerações futuras.

Conclusão: se a competência dos homens certos não se encontrasse ausente, as dificuldades para o progresso ou desenvolvimento seriam mínimas ou inexistentes..

* Roberto Corrêa é sócio do Instituto dos Advogados de São Paulo, da Academia Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico, de Campinas, e de clubes cívicos e culturais, também de Campinas. Formou-se pela Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fez pós-graduação em Direito Civil pela USP e se aposentou como Procurador do Estado. É autor de alguns livros, entre eles "Caminhos da Paz", "Direito Poético", "Vencendo Obstáculos", "Subjugar a Violência”, Breve Catálogo de Cultura e Curiosidades, O Homem Só.

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