Garota de Ipanema (3)
* Por JoséTeles
Uma
profecia que se mostrou verdadeira, embora tenha acontecido por puro acaso, o
álbum Getz/Gilberto só seria lançado um ano mais tarde, em março de 1964. The
girl from Ipanema foi escolhida para o lado B de um compacto, de 45 rotações,
de Stan Getz, com Blowin'in the wind (Bob Dylan), no lado A.
Poucas
vezes duas canções tão diferentes entre si compartilharam um mesmo disco. Lado
B de compacto era só enchimento. A aposta era no lado A . Na outra face do
compacto colocava-se qualquer música.
Em seu
livro, Phil Ramone comenta como o acaso funcionou para tornar Astrud Gilberto
uma estrela: “A gravação de Astrud teria ficado no anonimato se não fosse pelo
DJ de uma pequena estação de rádio em Columbus, Ohio, que durante o programa,
virou o disco e tocou o lado B.
De
Columbus, a Garota de Ipanema invadiu as praias americanas. Ironicamente o
furacão Beatles, que assolou os EUA a partir do final de 1963, levou a
gravadora a adiar o lançamento do álbum Getz/Gilberto. Com o sucesso arrasador
de The girl from Ipanema, o disco disputou o primeiro lugar nas paradas
exatamente com os Beatles.
O álbum
Getz/Gilberto ganhou quatro prêmios Grammy: Álbum do Ano, Disco de Jazz e The
girl from Ipanema, Música do Ano, a primeira vez que o prêmio foi para uma
canção de um álbum de jazz, e ainda deu a Phil Ramone um Grammy como engenheiro
de som do disco.
Getz/Gilberto
passou dois anos ininterruptos nos primeiros lugares do paradão da Billboard. Garota
de Ipanema é considerada a segunda canção mais gravada em toda história da
música popular. Só perde para Yesterday, dos Beatles.
Publicado
no Jornal do Commercio, Recife, em 14/4/2013
* Jornalista e crítico musical
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