sexta-feira, 12 de abril de 2013


Pílulas literárias 165

* Por Eduardo Oliveira Freire

QUEM É ELA?
Os dias passam, estou bem aqui. A senhora sempre vem me dar uma comida e contar histórias. Quem é ela? A casa em que estou é aconchegante, ao longe, ouço os pássaros no quintal e a folhagem das árvores em contato com o vento. Sono, vou dormir de novo. Tudo está calmo, sempre quis isso. A senhora me acorda e diz que preciso ir embora. De repente, percebo-me nessa cama de hospital. Encontraram-me numa casa abandonada e se surpreenderam com minha recuperação, estava bastante debilitado.”

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No lugar que ele foi encontrado, havia um livro infantil jogado em um canto qualquer:“ PASSANDO AS FÉRIAS COM A VOVÓ...”

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MESMO SONHO
Telefone toca...

- Tive outra vez o sonho. De repente apareço num famoso programa de televisão. O apresentador me olha assustado, pergunta quem sou eu. Os seguranças vêm, não sei o que fazer. Fujo. As dançarinas do palco gritam apavoradas. Percebo-me um monstro gelatinoso. Acordo suado. Está me ouvindo? Como? Quer assistir novela? Vai à merda. Poxa vida! Falta de consideração!

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- Maluco, nem conheço o cara.
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IMAGEM DE UM SONHO
Era uma vez...
Uma princesa muito boa e adorada por seus súditos.

Mas, a princesa da discórdia apareceu na tempestade e, com seus soldados, invadiu o castelo da princesa boa.

Quando as duas se encontraram, uma força as atraiu e se beijaram até se fundirem num ovo, onde surgiu outra princesa que encerrou a batalha.

Essa era serena e implacável ao mesmo tempo. Os súditos ora a amavam ora a odiavam.
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O GRITO
Quando eu era criança, ele surgiu do nada. Não vinha de fora, mas de dentro. Ninguém acreditava em mim, ninguém o ouvia. Fui levado a vários psiquiatras infantis e o grito persistia. Já estava entorpecido de tanto remédio. Um dia, resolvi conversar com o grito, pedi para berrar menos e comecei a conversar com ele sobre várias coisas. Ficamos em harmonia e apesar de o grito não falar, eu conseguia decifrar cada som que produzia. Entretanto, num dia desses, despareceu de repente. Procurei-o por toda parte e não o achei. Agora, vivo no silêncio e sinto sua falta.
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CASTELO DE AREIA
Quando eu era criança, ele surgiu do nada. Não vinha de fora, mas de dentro. Ninguém acreditava em mim, ninguém o ouvia. Fui levado a vários psiquiatras infantis e o grito persistia. Já estava entorpecido de tanto remédio. Um dia, resolvi conversar com o grito, pedi para berrar menos e comecei a conversar com ele sobre várias coisas. Ficamos em harmonia e apesar de o grito não falar, eu conseguia decifrar cada som que produzia. Entretanto, num dia desses, desapareceu de repente. Procurei-o por toda parte e não o achei. Agora, vivo no silêncio e sinto sua falta.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor


Um comentário:

  1. Os mini-contos podem ser delírios, fantasias, sendo dinâmicos e ágeis. Numa só palavra tudo muda.

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