Biodiversidade
* Por Paulo Henriques Britto
Ha maneiras
mais fáceis de se expor ao ridículo,
que não
requerem prática, oficina, suor.
Maneiras mais
simpáticas de pagar mico
e dizer olha
eu aqui, sou único, me amena por favor.
Porém ha quem
se preste a esse papel esdrúxulo,
como ha quem
não se vexe de ler e decifrar
essas palavras
bestas estrebuchando inúteis,
cágados com as
quatro patas viradas pro ar.
Então essa
fala esquisita, aparentemente anárquica,
de repente é
mais que isso, é urna voz, talvez,
do outro lado
da linha formigando de estática,
dizendo algo
mais que testando, testando, um dois três,
câmbio? Quem
sabe esses cascos invertidos,
incapazes de
reassumir a posição natural,
não são na
verdade uma outra forma de vida,
tipo um ramo
alternativo do reino animal?
* Poeta, lingüista, professor e
tradutor, autor dos livros “Liturgia da matéria”, “Mínima lírica”, “trovar
claro” e “Macau”.
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