Jardineiros
*
Por Solange Sólon
Borges
O primeiro ciclo foi
necessário à história do amor, pois as espécies a tudo
comportavam em seus devaneios. A alma está distante, adormecida, mas
nunca teve semelhante desejo. E ela segue aonde ele vai. Enamorados
de si mesmos, estão estéreis e é o que os diferencia nessa forma
bruta de escultura.
É preciso reinventar o signo
e os espectros. Esquecem o alimento humano por vários séculos;
depois, atiram-se sobre o mundo e seus contornos, sobre uma forma
perdida, mas em sendo raças imperfeitas e extremamente delicadas,
refugiam, numa segunda vida a grandiosidade da alma.
Às vezes, é preciso dizer
sempre e repetir uma vez mais, pois nem sempre se escuta e as formas
cristalinas do amar nunca são iguais.
As asas se abrem sobre as
ribanceiras, a cidade, as pedras, o sudário, e adquirem formas
paradisíacas, enquanto os anjos dormem nas calçadas de um abismo
desconhecido. Ela o segue, pois sempre será preciso.
É a outra metade que ainda
incompleta não se basta e o temporal geme dominante.
* Jornalista, dedica-se a
diversos gêneros literários. Entre outras atividades, atua em
alguns programas “O prefácio”, sobre livros e literatura. Um
deles é o programa Comunique-se, levado ao ar pela TV interativa ALL
TV (2003/2004). Apresentou, também, “Paisagem Feminina”, pela
Rádio Gazeta AM (1999), além de crônicas diárias
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