terça-feira, 27 de março de 2018

Exílio - Emanuel Medeiros Vieira


Exílio


* Por Emanuel Medeiros Vieira


Um Atlântico nesta separação:
batido coração segue as ondas de maio
Desterros além da anistia
para lá dos poderes
Velas ao vento
não bastam os selos
a escrita crispada
queria os sinais da tua pele
vacinas, umidades,
penugens, pelos perdidos
no mapa do corpo,
olhar suplicante, soluços
Jornadas: missas de sétimo-dia,
retratos arcaicos.
Outro exílio: sem batidas
na boca da noite,
armas, fardas, medos,
clandestinidades.
Sol neste retorno:casa,
guarda-chuva no porão,
caneca de barro,álbuns,
abraço agregador,
cheiro de pão, gosto de café,
o amanhã junta os o dois
nós da memória,
um menino e o seu outro:
estou melhor feito vinho velho.


*Poema premiado no Concurso Nacional de Poesias, cujo tema foi “O Mundo do Trabalho”, promovido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná.

* Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros.

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