terça-feira, 19 de outubro de 2010




Alice

* Por Evelyne Furtado


Provocam risos, os tropeços de Alice, que aumenta o irreal e se assombra com fatos, pois caminha em nuvens e abraça pedras arranhando joelhos e alma.

Riem de sua credulidade. Ignoram que para Alice crer é viver. Desconhecem que cresce Alice em cada queda . Cresce, também, ao reconhecer que se faz cega ao que não quer ver. Há de frear vasta imaginação; de acurar a percepção.

No azul crescente do céu de outubro, Alice franze o cenho para enxergar melhor a outra margem e respira profundamente. Vai só e faz da coragem passarela.

• Poetisa e cronista de Natal/RN

6 comentários:

  1. Alice parece ambigua em alguns momentos. Cai, cresce, não quer ver(medo?) e usa a coragem como passarela. Os comportamentos habituais não são lineares. A cada surpresa, uma reação surpreendente.

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  2. Ela se joga na vida.
    Mergulha sem medo movida
    apenas pelo desejo de chegar.
    Não mede consequências.
    As feridas? Acredito eu que elas as assopra
    com um sorriso de lado.
    Alice me fez pensar...
    Belo texto.
    Abraços

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  3. Mais um belo poema em prosa, de estilo inconfundível. À parte a irrealidade e a lisergia tão típicas do universo de Alice e de seu autor, você parece traçar um paralelo entre os ímpetos da lendária protagonista e sua própria vida e personalidade. E neste intuito se deu - como sempre - muito bem. Belo texto, amiga Evelyne. Um beijo pra você.

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  4. Essa Alice sempre me inquietou, Marcelo. Ainda me inquieta. Beijos e obrigada, amigo.

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