Pílulas literárias 210
* Por
Eduardo Oliveira Freire
O QUE É GANHAR OU PERDER TEMPO?
Não tenho uma resposta
definida. Quando escrevo ou tiro uma foto, na verdade, brinco de faz de conta e
entro no mistério da vida. Quero pegar a lua como se fosse uma bola de gude,
mas, almejo a lua mítica e não o satélite natural da terra, aproximando-me dos
Deuses antigos e esquecidos. Torno-me gigante e isso me dá forças, quando
preciso me apequenar para me tornar um adulto responsável. Por isso, quando
penso com a cabeça dos outros, sinto que perco meu tempo com tolices, porém,
quando entro em contato com o mais profundo de mim, compreendo que é uma forma
de não me escravizar totalmente no mundo cinzento dos adultos.
@@@
MOMENTO
Olha o basculante do
banheiro, sabe que Antônia está tomando banho. Envergonha-se do pensamento que
tem. Olha a lua e se sente menos culpado, pois ela já viu esta cena várias
eras. Entra e vai à cozinha e beija Laura, que se surpreende com o beijo
ardente do marido. Fala para ter cuidado, já que a irmã nova dela está no
banheiro. Ele diz que a espera no quarto e se fecha no quarto escuro para
ninguém perceber seu desassossego.
@@@
EM UMA TARDE DE DOMINGO
No meio do caminho
havia folhas secas que o futuro do Admirável Mundo Novo pisava com indiferença.
Piso nelas também querendo ser do futuro Admirável Mundo Novo, mas me tornarei
ressequido como elas no meio do caminho.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário