EUA, Síria, México, Brasil e Bolívia
* Por
Alípio Freire
A conjuntura
internacional é preocupante. Embora estejamos focados na questão Síria, nosso
Continente e especialmente o Brasil, também estão ameaçados pelas articulações
da direita em nível mundial.
Não
nos deteremos no assunto Síria. Reproduzimos nesta edição (leia aqui), um importante e lúcido artigo do jornalista britânico
Robert Fisk – “O alvo do Ocidente é o Irã, não a Síria”, publicado na edição de
30 de agosto (sexta-feira), do The Economist.
Sobre
a espionagem levada a cabo pelos EUA – principalmente contra o México e o
Brasil, pouco a dizer. Imaginar que presidentes de repúblicas são monitorados
diuturnamente em suas atividades, é um pesadelo que supera George Orwell.
Não
custa, porém, lembrar que, em declaração feita durante sua viagem ao México e à
Costa Rica, no início de maio passado, ‘o presidente Barack Obama deu sinais de
que pretende recalibrar sua política externa para a América Latina (…).
Para
analistas, os EUA entendem que a região está em rápido processo de
desenvolvimento e o melhor caminho é tentar ‘despolitizar’ as
relações e oferecer uma parceria econômica ‘entre iguais’, com
ênfase em temas como comércio e energia. Na prática, Washington vê duas peças
centrais nesse tabuleiro latino-americano: o México, em sua (…) fronteira, e o
Brasil, a principal potência em ascensão do continente’ (OESP,
05.05.13 – Grifos nossos).
Agora,
é saber se, frente ao escândalo da espionagem, a presidenta Dilma Rousseff
manterá sua visita oficial a Washington, marcada para 23 de outubro e já
confirmada pelos EUA em 30 de agosto. Outra pergunta é: mantido o encontro (‘despolitizado’
e ‘entre iguais’), qual será a pauta e o teor das conversações
entre a nossa presidenta e o senhor Obama?
Por
fim, temos o traslado clandestino do senador boliviano e líder da direita
local, Roger Pinto, da Embaixada do Brasil em La Paz, para o Brasil, numa
operação promovida pelo embaixador interino Eduardo Saboia, e com a
participação direta do senador também brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES),
dois fuzileiros navais e cinco agentes da Polícia Federal.
A
participação da direita dos dois países é óbvia, e certamente em parceria com
os serviços de inteligência da Casa Branca. Enfim, semear o divisionismo entre
os governos progressistas do Continente é fundamental para toda a direita das
Américas e, em especial para a geopolítica de Washington.
* Jornalista e escritor
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