domingo, 22 de setembro de 2013

A festa do vizinho

* Por Ana Deliberador

Bill. Esse era seu nome. Aliás, Bill Clinton, em homenagem ao grande presidente norte-americano.

Bill era muito amado mas, também, muito mimado. Não obedecia a nada, nem a ninguém. Hiperativo, teve de sair da cidade grande para viver na chácara, onde tinha bastante espaço para brincar.

Passou-se uma semana de tranqüilidade para todos. Bill andava pela casa sem correr, sem subir nas camas. Deitava-se na varanda e ficava olhando a água do lago como se nada mais houvesse a fazer.

Mas chegou o dia em que Ana e Zeca tiveram de voltar a Curitiba e Bill ficou sozinho. E aproveitou!

Era sábado. A festa na casa do vizinho parecia ótima. Aquelas pessoas todas em volta da piscina, outras tantas dentro d’água….E aquele cheiro? O que era aquilo? Churrasco?

Bill não teve dúvida: atravessou a cerca e correu pro outro lado. Estava tão feliz que não percebeu que se ferira ao passar pelo arame farpado. Atrás de si ia deixando um rastro, bem marcado, de sangue.

Estabanado – como só Bill poderia ser – meteu-se entre as pessoas, quase derrubando-as. Aquele sangue todo, manchando a pedra clara, as pessoas, assustadas, gritavam e corriam.

Silas, o responsável pelo marginal, veio correndo até a cerca, chamando-o. Qual o quê! Bill o ignorou totalmente: quem ele pensava que era? Seu dono?

Confusão geral. O bate-boca cresceu de volume. Todos gritando ao mesmo tempo. A noção de bom senso se perdendo a cada minuto.
Tira ele daqui senão eu mato ele! – um dos lado dizia.
Cala a boca! – vinha a pronta resposta, do outro lado da cerca.
Vem aqui limpar esse sangue da minha casa!
Num vô não! Num sô sua empregada!
Agora eu mato! Vô dá uma paulada nele!

E assim foi até que, Felipe, o já quase veterinário, chegou para acabar com a crise.
Billzinho, vem cá!

O diminutivo carinhoso trouxe Bill até ele que, calmamente, colocou a coleira em seu pescoço e o levou de volta para casa.

* Professora, pintora e escritora


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