sábado, 21 de setembro de 2013

O que me atrai é o que me assusta

* Por Clóvis Campêlo


Evoluir talvez seja quebrar paradigmas, romper convenções, desafiar a lógica. Se respeitarmos sempre as normas, o mundo não se move no rumo das mudanças. Seguir fielmente os modelos pré-concebidos que nos são impostos, talvez seja a melhor maneira de se apodrecer em vida e alcançar altos níveis de insatisfação pessoal.


Como já disse o poeta, gente é pra brilhar e não pra morrer de fome ou de tédio. Navegar contra a correnteza, no entanto, exige uma certa dose de coragem e de irresponsabilidade controlada. E o que mais nos poderá amedrontar nessa "contravenção" rumo à liberdade, será a percepção de que em alguns momentos fundamentais estaremos completamente sozinhos ou "mal" acompanhados.


Esse sentimento, porém, embora possa ser assustador, será o combustível necessário e que servirá de alimento aos espíritos inquietos e renovadores.

Assim sendo, o caminho da segurança não contemplará necessariamente a rota da felicidade.

Por outro lado, a felicidade poderá ser reconhecida nos atalhos acidentados de quem forja o próprio caminho caminhando.

Destoar dos padrões gerais e imobilizantes também exige uma certa dose de cautela para que a carapuça da discriminação não nos caia sobre as cabeças. Os homens "corretos", com suas leis anti-naturais, não costumam perdoar.

Enfim, sentir-se livre talvez seja ter a certeza de que somos definitivamente responsáveis por nossas vidas, nossos riscos, nossos terrores e êxtases.
Viver em comunhão conosco mesmos e coerentes com os nossos planos de vida, só nos custa isso.

Que o fogo das nossas vidas seja como a chama de uma vela acesa, que para arder plenamente se auto-consome.

Não precisamos ter medo da felicidade e da auto-satisfação.

* Poeta, jornalista e radialista


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