E o “fugitivo” boliviano?
* Por
Paulo Reims
No dia 23 de agosto
passado o senador boliviano, Roger Pinto Molina, deixou a embaixada no Brasil,
em La Paz, onde estava asilado há mais de um ano e veio para o Brasil. Ele
viajou de carro até Corumbá, levando 22 horas, para chegar dia 24 em solo
brasileiro.
Foi uma operação muito
estranha. Nem o governo da Bolívia e nem o do Brasil sabiam do ato até que o
senador chegou ao Brasil. Ambos pedem explicações. Os respectivos presidentes
conversaram no dia 29 de agosto passado, durante uma reunião da Unasul, no
Suriname, mas nada veio a público.
As circunstâncias em
que se deu o episódio da “fuga” são inéditas: os presidentes nada sabiam;
estavam presentes na viagem diplomatas, policiais federais e fuzileiros navais,
além de um senador do PMDB do Estado do Espírito Santo, da base aliada do
governo.
O senador Molina deixou
a Bolívia de forma tranquila, mas depois veio o imbróglio para os dois países,
especialmente para o Brasil que, de certa forma, interferiu na soberania da
Bolívia.
Muito estranha, também,
a justificativa do diplomata Eduardo Saboia a respeito de sua ação, que
certamente não foi só dele, apesar de ele dizer que foi decisão sua, para a
“fuga” do boliviano: “eu me sentia como se eu tivesse o DOI-Codi ao lado da
minha sala de trabalho”. É evidente que ele apelou. Não precisávamos nem ouvir
da Presidente Dilma, que ela sim esteve no DOI-Codi, e que este não se parece
em nada com a Embaixada Brasileira em La Paz. A diferença é tão grande, disse
ela, completamente indignada, quanto difere o céu do inferno.
Realmente, senhor
Saboia, todo mundo sabe que as sedes das embaixadas são espaços privilegiados,
para não dizer de mordomias, e tudo mantido com dinheiro do povo, que na
maioria vive apertadamente. Faltou-lhe discernimento. E se este Molina
estivesse tão doente como você e o senador brasileiro afirmaram, teria
procurado uma clínica psiquiátrica para se tratar, logo que aqui chegou.
O Roger Pinto Molina,
na verdade, é um latifundiário muito abastado. Não recebeu salvo-conduto do
governo boliviano porque era lá que ele deveria ter ficado para responder por
uma ficha sujíssima. Não há perseguição política nenhuma contra ele. E da
Embaixada ele podia muito bem conduzir seus negócios, pois até Fernandinho
Beira Mar o faz através da prisão, via telefone.
Senhor Roger Pinto
Molina, você já foi condenado pela justiça boliviana, e várias denúncias pesam
sobre você: corrupção, vendas irregulares de terras do Estado, repasse ilegal
de verbas públicas, favorecimentos de bingos e cassinos, além de assassinato,
por ser um dos responsáveis pelo massacre de pequenos agricultores na Província
de Pando, em 2008. E quando o cerco apertou, você correu para buscar refúgio na
Embaixada Brasileira alegando perseguição política. Muito fácil para você. Algo
está muito errado desde o começo quando lhe deram asilo na Embaixada.
Você é um grande
delinquente, como lhe qualificou o Presidente Evo Morales, de quem você é um
dos principais opositores, por ele estar tirando seu povo da miséria, e também
porque você é mais um que não admite que um Indígena tenha chegado à
presidência de um país.
Aliás, vocês
latifundiários, de qualquer lugar, se parecem muito! Têm ojeriza aos pequenos
agricultores, aos indígenas e quilombolas, e mandam seus capangas os atacar
como se fossem pragas infestando suas lavouras, sem o menor escrúpulo, e
conseguem passar, através do PIG, uma fachada de bonzinhos.
Molina, tenho certeza
absoluta de que o Presidente Evo Morales não vai atentar contra a sua vida, mas
você e seus aliados de lá, daqui e de outras plagas, e a CIA que permeia tudo
isso, sim, atentaram e continuam atentando contra a vida dele. Ou você já se
esqueceu do episódio do avião presidencial que trazia Evo Morales da Rússia, e
que, em pleno voo, teve negado o espaço aéreo já concedido com antecedência por
vários países europeus que viraram colônias do imperialismo estadunidense?
O Presidente Evo, sua
comitiva e seus tripulantes viveram um DOI-Codi no ar, além da humilhação em
solo austríaco provocado pela diplomacia espanhola a serviço da CIA.
A Presidente Dilma
trocou seu Ministro das Relações Exteriores, os diplomatas, mas nós continuamos
sem saber o que realmente aconteceu nesta operação secreta.
Pena que, em solo
russo, o Edward Snowden, ex agente da CIA, não pode nos relatar o acontecido,
sob pena de perder seu asilo temporário. A CIA deve ter tudo mapeado, como tem
a tudo e a todos(as) que lhe interessa. Que o diga alguém desta operação
secreta boliviana, que possivelmente é infiltrado da CIA.
Quem vai nos ajudar a
desvendar este mistério? A famosa Rede de TV do Brasil que levou 50 anos para
reconhecer seu erro, e pedir perdão, no último dia 02/09, por ter apoiado o
golpe militar de 1964? Aliás, qual seria o interesse que está por trás disso?
Até agora não vi uma vez esta TV colocar em dúvida o lançamento de armas
químicas pela Síria. Noticiam inverdades e passam para os telespectadores a
ideia de que os EUA devem atacar, e os incomodados que se retirem; porque eles
agem como se fossem os donos da verdade e das consciências que manipulam com
“serenidade”. Certamente, vão dizer depois da guerra que não foi o Governo
Sírio quem lançou as armas químicas... Fico pensando nos mares de dinheiros que
ganham à custa do sangue dos inocentes...
Como faz falta uma
redemocratização dos meios de comunicação! Só quando isso acontecer é que o
povo terá acesso à verdade dos acontecimentos.
*
Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário