De onde vem a inspiração
Por Aliene Coutinho
Muita gente me pergunta de onde
tiro minhas crônicas e contos, até que ponto são baseados em fatos reais, ou
são pura ficção. Creio que quando se escreve, pelo menos quando escrevo, acabo
meio que misturando ficção e realidade. Sou algumas vezes autor e personagem de
muitos dos meus trabalhos, sejam eles contos, crônicas, ou mesmo poemas, mas também escrevo como se olhasse
através da janela do meu apartamento, ou do meu carro. São relatos do que
assisti, ou ouvi de tantas pessoas que conheço.
Outras vezes quando escrevo, me
deixo ser dominada pelas letras que formam palavras, que por sua vez formam
frases, e por fim textos. Conexos, ou não, liberto o que vem à cabeça, sem
censura, ou correção. E as histórias saem, libertas, donas de si mesmas, de
narizes empinados. Nelas tudo é ficção. Personagens, ambientes, aspectos
físicos e psicológicos. Cria-se um mundo paralelo, com pessoas irreais que
muita gente real acaba se identificando.
Em muitos dos meus contos e
crônicas são esses seres fictícios que ganham vida. Mas não são poucos os que
me perguntam baseado em quem eu escrevi. Garanto que esses textos são
exercícios de catarse, onde nada é de ninguém e tudo é de todos.
Escrever é se deixar dominar por
uma "entidade" metafísica que nos faz... escrever. Parece tão simples
e ao mesmo tempo tão confuso. Em muitos momentos essas histórias
"autônomas” se escondem e por mais que eu tente não dão as caras. Aparecem
quando bem querem e me faz sentar diante do computador, em qualquer hora do
dia, ou lugar, para simplesmente pintar de letras a tela em branco.
Confesso: sou escrava da
imaginação, e as palavras me dominam por completo. Sou do tipo que até consigo
fazer texto por encomenda, diante de uma pauta, de uma imagem, de uma
foto. São relatos, notícias, fatos, mas quando se trata de sentimentos, aí não
tem jeito... É deixar que numa hora ou outra, a chamada "inspiração” tome
conta de mim e faça minhas todas as palavras dela.
* Jornalista e professora de Telejornalismo
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