segunda-feira, 25 de março de 2013


Poesia e prece

* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Estou em frente ao PC e não consigo extrair nada dessa minha cabeça.  Embora tenha vários pensamentos tremulando como as bandeirinhas de São João, nada se formula. Uma confusão total de palavras que, ávidas, tentam amarrar-se umas ás outras, na vã tentativa de desenhar o poema mais sutil.
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Solto os cabelos várias vezes, ajeito os óculos, tento, tento e não consigo.A tal sintonia, tão conhecida, companheira dos meus surtos poéticos, deve ter adormecido. Paciência. Vou fechando as abas, as janelas, espicho um pouco a coluna, respiro fundo umas duas vezes, resignada.

Elevo os meus pensamentos agradecendo a Deus pelo pão nosso de cada dia, por honrar meus compromissos, pelo meu filho que chegou da balada inteirinho... Antes de finalizar minha prece, peço a Deus que me permita enxergar nas pequenas coisas o “Vosso traço”.

Quanto à poesia? Amanhã... quem sabe?

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário

3 comentários:

  1. Alinhavou bem essa aparente falta de inspiração, e, que mostra que em quem tem talento a poesia vem.

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  2. Entendo o drama expresso por você, Núbia, sobre o “branco” que às vezes acomete os escritores e, no caso, o poeta. Há dias em que o poema está prontinho na cabeça, todo alinhavado, mas falta algo essencial: as palavras que julgamos adequadas. Às vezes não é nem isso. É rigor excessivo na autocrítica o que impede que o texto nasça e brilhe. Excelente crônica, Núbia. Aliás, como excelentes são todos os textos que você produz.

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  3. Mara e Pedro, grata pelos comentários e compreensão.
    Abraços.

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