Exposição Cores & Nomes de Fernando Yanmar
Narciso
* Por
Mara Narciso
“Não
dá mais pra segurar, explode coração!” (Gonzaguinha)
A expressão de
surpresa e satisfação nos rostos de Felicidade Patrocínio, da sua filha Ana
Paula e da sua funcionária Cleonice, ao ver os quadros que chegavam, fez os
últimos resquícios de insegurança tombar ali mesmo, na entrada do Ateliê
Galeria Felicidade Patrocínio. Diante da admiração, naquele instante, o temor
da estréia sumiu. O árduo trabalho estava recompensado e tinha alcançado a
qualidade necessária aos olhos exigentes, atentos e técnicos da mentora e
orientadora de cada passo, da escultora de inestimável valor para a cultura de
Montes Claros e região.
Os 31 trabalhos
necessários para compor a Exposição Cores & Nomes de Fernando Yanmar
Narciso foram colocados lado a lado no rodapé da galeria. Logo o apurado senso
estético da artista plástica foi direcionando as obras, aproximando-se e
afastando-se, mantendo por algum tempo certa perplexidade demonstrada pelas
palavras e pelo olhar diante do prazer inesperado. A maneira de se colocar os
quadros na parede, com fachos de luz sobre as imagens amplificam o impacto.
Tudo foi planejado
durante dois anos, quando Felicidade Patrocínio, depois de conhecer os
trabalhos de Fernando Yanmar, prometeu-lhe montar uma exposição, e que ele se
preparasse para isso. A sua arte contemporânea era original e tinha força,
bastando lapidar e se adequar ao mercado ávido por consumir novos conceitos.
Era preciso não se intimidar, avançar, ousar, pois talento ele tinha, afirmou a
ativista cultural. Foi quando o artista iniciou uma jornada dura e ao mesmo
tempo suave, em prol do prazer de criar, para dar vazão a sua mente ávida e de
funcionamento acelerado. Fez uma lista de nomes ilustres das artes, literatura
e comunicação e os convidou. Logo os trabalhos tiveram início.
A pop arte consiste em
se fazer um rosto a partir de uma fotografia, captando-se os traços fisionômicos,
e nesse esboço fazer alterações, no intuito de recriar, dando originalidade às
intervenções, mas sem com isso se afastar da fonte original, da expressão
facial e do olhar, um traço forte em todas as obras. Efeitos digitais são
acrescentados, dando harmonia e beleza à imagem, num resultado que seduz quem
olha. Durante o andamento, caso queira, o retratado opina, escolhe cores e
fundos, mas, o artista prefere sentir-se livre. Então, a arte gráfica é
impressa e montada em lona texturizada.
A divulgação aconteceu
na mídia impressa, falada, televisionada e digitalizada. A festa estava pronta,
mas só seria real diante do público que compareceu e mostrou expressões de
grata surpresa. Os trabalhos estavam lá, e aquele feito hercúleo satisfez quem
prestigiou. Luz, câmera, ação. Fiz um histórico das dificuldades desse artista
plástico, gráfico, ilustrador (?), não importa, que devido à hiperatividade
usou a estratégia de desenhar para conseguir ficar dentro da sala de aulas.
Acabou formando-se há oito anos em design gráfico, cuja finalização constou de
um TCC nota dez, no qual apresentou um desenho animado de três minutos, todo
feito à mão.
Aquele que venceu
bullying, rejeição e expulsão escolar foi aplaudido pelos seus convidados.
Então, era o momento de administrar a satisfação dos retratados, que,
orgulhosos posavam em frente aos seus quadros. A internet, de imediato,
amplificou o acontecido com reações ao fato, revelando o grau de interesse das
pessoas. Surgiram álbuns de fotos, vídeos, textos, poemas, visualizações,
leituras, curtidas e comentários em profusão, cujos números elevados fomentaram
esse momento feliz. Ainda que já considerassem Fernando Yanmar Narciso bom
escritor e pessoa de inteligência destacada, muitos ficaram admirados. O feito
foi considerado grande e era preciso saboreá-lo. A repercussão superou os
maltratos e mostrou que derrubar barreiras move o indivíduo para a sua própria
construção. Lembrem-se de acolher o diferente e saibam que fazer arte é atitude
libertadora, que explode corações e acalma os espíritos.
*Médica endocrinologista, jornalista
profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e
Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a
Hiperatividade”
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