quarta-feira, 8 de junho de 2016

Exposição Cores & Nomes de Fernando Yanmar Narciso


* Por Mara Narciso


“Não dá mais pra segurar, explode coração!” (Gonzaguinha)


A expressão de surpresa e satisfação nos rostos de Felicidade Patrocínio, da sua filha Ana Paula e da sua funcionária Cleonice, ao ver os quadros que chegavam, fez os últimos resquícios de insegurança tombar ali mesmo, na entrada do Ateliê Galeria Felicidade Patrocínio. Diante da admiração, naquele instante, o temor da estréia sumiu. O árduo trabalho estava recompensado e tinha alcançado a qualidade necessária aos olhos exigentes, atentos e técnicos da mentora e orientadora de cada passo, da escultora de inestimável valor para a cultura de Montes Claros e região.

Os 31 trabalhos necessários para compor a Exposição Cores & Nomes de Fernando Yanmar Narciso foram colocados lado a lado no rodapé da galeria. Logo o apurado senso estético da artista plástica foi direcionando as obras, aproximando-se e afastando-se, mantendo por algum tempo certa perplexidade demonstrada pelas palavras e pelo olhar diante do prazer inesperado. A maneira de se colocar os quadros na parede, com fachos de luz sobre as imagens amplificam o impacto.

Tudo foi planejado durante dois anos, quando Felicidade Patrocínio, depois de conhecer os trabalhos de Fernando Yanmar, prometeu-lhe montar uma exposição, e que ele se preparasse para isso. A sua arte contemporânea era original e tinha força, bastando lapidar e se adequar ao mercado ávido por consumir novos conceitos. Era preciso não se intimidar, avançar, ousar, pois talento ele tinha, afirmou a ativista cultural. Foi quando o artista iniciou uma jornada dura e ao mesmo tempo suave, em prol do prazer de criar, para dar vazão a sua mente ávida e de funcionamento acelerado. Fez uma lista de nomes ilustres das artes, literatura e comunicação e os convidou. Logo os trabalhos tiveram início.

A pop arte consiste em se fazer um rosto a partir de uma fotografia, captando-se os traços fisionômicos, e nesse esboço fazer alterações, no intuito de recriar, dando originalidade às intervenções, mas sem com isso se afastar da fonte original, da expressão facial e do olhar, um traço forte em todas as obras. Efeitos digitais são acrescentados, dando harmonia e beleza à imagem, num resultado que seduz quem olha. Durante o andamento, caso queira, o retratado opina, escolhe cores e fundos, mas, o artista prefere sentir-se livre. Então, a arte gráfica é impressa e montada em lona texturizada.

A divulgação aconteceu na mídia impressa, falada, televisionada e digitalizada. A festa estava pronta, mas só seria real diante do público que compareceu e mostrou expressões de grata surpresa. Os trabalhos estavam lá, e aquele feito hercúleo satisfez quem prestigiou. Luz, câmera, ação. Fiz um histórico das dificuldades desse artista plástico, gráfico, ilustrador (?), não importa, que devido à hiperatividade usou a estratégia de desenhar para conseguir ficar dentro da sala de aulas. Acabou formando-se há oito anos em design gráfico, cuja finalização constou de um TCC nota dez, no qual apresentou um desenho animado de três minutos, todo feito à mão.

Aquele que venceu bullying, rejeição e expulsão escolar foi aplaudido pelos seus convidados. Então, era o momento de administrar a satisfação dos retratados, que, orgulhosos posavam em frente aos seus quadros. A internet, de imediato, amplificou o acontecido com reações ao fato, revelando o grau de interesse das pessoas. Surgiram álbuns de fotos, vídeos, textos, poemas, visualizações, leituras, curtidas e comentários em profusão, cujos números elevados fomentaram esse momento feliz. Ainda que já considerassem Fernando Yanmar Narciso bom escritor e pessoa de inteligência destacada, muitos ficaram admirados. O feito foi considerado grande e era preciso saboreá-lo. A repercussão superou os maltratos e mostrou que derrubar barreiras move o indivíduo para a sua própria construção. Lembrem-se de acolher o diferente e saibam que fazer arte é atitude libertadora, que explode corações e acalma os espíritos.

*Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”   


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