domingo, 26 de junho de 2016

Ainda a pedra


* Por Márcio Juliboni



Chuta a pedra, José!
Passa adiante.
Que ela fique no meio do caminho,
Entre o fim e o começo
De sua própria poesia.
Esgotada e inerme,
Apenas incapaz de mover-se.

Chuta a pedra, José!
Que lhe doa o dedão,
Que lhe estoure o pé!
Que lhe sangre o tendão!
Dane-se, José!
Chuta a pedra!

A pedra que contorna
Apenas lhe torna mais sinuoso o caminho.
Ainda que nela suba,
Ainda que pelo lado passe,
Haverá sempre esse pedaço de chão
Que não pisará, enquanto ela aí estiver.

Esse chão, esse chão...José.

Mas, se mais quiser,
Ergue e atira longe
Essa pedra, José!
Não hesite em arrancá-la
De seu leito de apatia,
Pois ela já te desterrou
Desde que se pôs
No caminho por onde seguia.

O seu caminho...José.

Mas, se ainda mais quiser,
Atira longe essa pedra, José!
De estilingue,
De catapulta,
De qualquer jeito.
Neles, que aí a puseram.
Que aí a deixaram.
Que daí não a tiraram.
Sabe-se lá porque, José...

*Jornalista, cobre Economia e Negócios no portal Exame. Trabalhou no serviço de notícias online, “Panorama Setorial”, do jornal Gazeta Mercantil, na Agência Estado e em várias revistas segmentadas. Iniciou a carreira na grande imprensa em 2000.



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