Phoenix
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Sobrevivente de um
campo de concentração nazista, Nelly Lenz ficou desfigurada enquanto esteve
presa. Irreconhecível após uma cirurgia de reconstrução, vaga pela Berlim em
ruínas a procura de Johnny, seu marido.
Encontra-o trabalhando
na boate Phoenix, que permanece em atividade após o término da Segunda Guerra
Mundial, mas o esposo não a reconhece. De olho na herança da esposa, Johnny a
chama para participar de um golpe de transformá-la em Nelly. Logo, ela se
depara com a verdade de que o marido esteve envolvido em sua prisão.
Sem identidade, rosto
destruído, o amor perdido e um enorme vazio de significados, Nelly deseja se
reencontrar no passado e, inclusive, através das lembranças do marido.
O filme mostra o
pós-guerra de como os sobreviventes ficaram perdidos por terem seus bens
materiais e os entes queridos tirados à força só porque eram de uma cultura ou
religião diferente. Não tinham cometido crime algum, não fizeram por merecer.
Logo, evidencia-se
como a vida é absurda e neste turbilhão a protagonista, como outras vítimas,
tenta resgatar a memória nos destroços da cidade. Entretanto, o mundo que
viviam não existe mais. Precisam construir o presente e pensar no futuro. Mas
como?
Os mortos sempre
assombram as lembranças e os sonhos, pois muitos não conseguiram se despedir e
nem tiveram a oportunidade de passar pelo luto tranquilamente.
Nelly não consegue
seguir em frente, precisa passar a limpo seu passado e relacionamento com o
marido. Neste processo dolorido, ela consegue renascer das cinzas e pelo menos
perceber que o sol ainda lhe brilha.
***
Baseado no romance
"Le Retour des Cendres", de Hubert Monteilhet.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Resenha muito boa. A cada dia escreve melhor, Eduardo.
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