Um
mutirão antineoliberal para salvar o Brasil de nova devastação
* Por
Emir Sader.
A forma da campanha
eleitoral mudou: Aécio foi substituído pela Marina como candidato da oposição.
A simples contraposição entre os governos do PT e do PSDB desenha uma derrota
já no primeiro turno para a oposição, a quarta consecutiva.
O mais que suspeito
acidente aéreo – caixa preta não gravou, mas a população viu um avião caindo em
chamas, indicando que houve a explosão de algum artefato no seu interior – que
levou à substituição da candidatura do PSB mudou o quadro eleitoral na sua
forma, mas seu conteúdo segue o mesmo, conforme Marina assume teses ainda mais
explicitamente neoliberais.
O Brasil mudou,
principalmente no plano social e econômico, também no plano político, mas os
valores deixados pelo neoliberalismo não foram substituídos por valores
alternativos. E nisso, falharam todas as forças antineoliberais.
Falhou o governo,
porque não desenvolveu sistematicamente um discurso explicativo sobre o
significado das suas políticas de superação do neoliberalismo. Falhou por não
avançar nada na democratização dos meios de comunicação, que impedisse que a
máquina monopolista da mídia seguisse perpetuando esses valores e desvirtuando
o sentido das políticas do governo.
Falharam os partidos de
esquerda – os que apoiam o governo e os que o criticam –, assim como os
movimentos sociais, porque não fizeram desse tema sua ação central nestes anos
em que logramos colocar o neoliberalismo na defensiva pelas políticas sociais
do governo. Mas não foi desenvolvido um trabalho de massas no plano ideológico,
que ajudasse a consciência social do povo em relação às imensas e progressistas
transformações que vive o país.
Esse trabalho não
poderá se desenvolver satisfatoriamente na campanha, mas é preciso concentrar
em desmascarar as teses do “nem direita, nem esquerda”, “nova política”, para
centrar a agenda da campanha no modelo neoliberal e nas propostas e programas
antineoliberais.
A campanha será uma
disputa de agenda: a Marina tentando centrar na desqualificação do Estado – do
mandato do PT, da Petrobras – e na suposta superação da polarização PT-PSDB. A
campanha da Dilma tem que se centrar no modelo neoliberal de que a Marina, mais
além dos envoltórios, representa de forma ortodoxa.
Um imenso mutirão
popular antineoliberal é o que pode levar a mais uma derrota da direita e à
continuidade e aprofundamento do projeto iniciado por Lula em 2003.
*
Sociólogo e cientista político
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