quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Guantanamo


* Por Emanuel Medeiros Vieira



Guantánamo não é um retrato na parede
 Guantánamo fede
 Guantánamo não acaba
 E ninguém mais se lembra de Guantánamo
 As pessoas foram torturadas, morrem esquecidas.
 Os “outros” são sempre os perversos.
 E Guantánamo sobrevive.
 Sim, não é um retrato na parede.
 A “América profunda” não quer que a prisão acabe.
 As pessoas mofam e morrem sem julgamento ou processo.
 Não, não falo em impunidade – falo em justiça
 E justiça não é vingança.
 Mas Guantánamo não morre
 Mas cheira mal, mesmo no esquecimento
 Guantánamo é “aqui” também:
 Na indiferença, no “não tenho nada a ver com isso”.
 E Guantánamo vive,
 E só me restam palavras, lugares-comuns
 (e a contemplação do mar)
 Ah, Guantánamo

* Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros. 


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