segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O caminho de Assis

* Por Talis Andrade

Preciso fugir
do presídio
que construí
neste enfermo
mundo:
O suplício
de um suicídio
lesmo e doloroso
nos ermos campos
do abandono
e do medo
Preciso encontrar a paz
o amor
Sentir quanta alegria
no irmão Sol
quanta poesia
na irmã Lua
Andarilho descalço
seguir pelos caminhos
da irmã Pobreza
Na poeira das estradas
nos pedregulhos
no adusto chão
descobrir a beleza
da natureza
a beleza intrínseca
às coisas simples
Sentar na beira de um regato
e ouvir o silêncio dos peixes
Quedar extático
ante a presença de Deus
no quebradiço arbusto
e na fúria dos raios
Descalço andarilho
pelos apertados caminhos
da irmã Pobreza
a esperança de possuir
a leveza dos pássaros
a fiel mansidão
de um boi de cambão
amar o próximo como um irmão
seguindo o exemplo
de São Francisco de Assis:
Depois de despojado
das vestes de seda
foi mais feliz
que um rei

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).



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