Onde
está a menina que morava em mim?
*
Por Evelyne Furtado
Até
bem pouco tempo morava uma menina em mim.
Ficava
num dos cômodos de trás, mas bem localizado,
pois
era dentro do coração da mulher, que já fora menina,
que
a menina morava.
Aquela
menina crescera com a mulher.
Eram
unha e carne.
Quando
a mulher estava sinceramente feliz,
era
a menina que brincava e ria.
Quando
a mulher sentia medo,
era
a menina assustada que fugia.
Quando
a mulher era por alguém ferida,
era
a menina mimada que reagia.
Às
vezes com birra de menina,
ela
aos outros ofendia.
Quão
raros eram esses momentos,
pois
era uma menina boa que morava em mim.
A
dor veio e a menina chorou dias sem parar,
mas
ninguém veio lhe acalentar.
A
mulher ressentida esqueceu a menina,
e
hoje pergunta a todos para onde foi
a
menina que a fazia sorrir.
Quando
só a mulher com ar triste
repete
assim:
“Havia
uma menina que morava em mim
uma
menina ingênua, a quem deram fim”.
*
Poetisa, cronista e psicóloga de Natal/RN.
Deixar a menina partir é uma lástima. Espero que ela volte.
ResponderExcluirPor que permitimos que outros nos modifiquem, nos entristeçam? Por que, por mais que a menina vá e volte, vai se endurecendo a mulher? São as perguntas que me faço sempre, sem encontrar respostas que me satisfaçam...
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