terça-feira, 10 de abril de 2018

Desigualdade - Emanuel Medeiros Vieira


Desigualdade


* Por Emanuel Medeiros Vieira


Que falta nesta cidade? Verdade. Que mais para sua desonra? Honra. Falta mais do que se lhe ponha? Vergonha” (…) (Gregório de Matos Guerra – 1636-1696, que tinha a alcunha de “Boca do Inferno”)

O ano passado registrou o maior crescimento do número de bilionários da história, com um novo bilionário no mundo a cada dois dias.

Segundo com a ONG britânica Oxfam, o aumento seria suficiente para acabar sete vezes com a pobreza extrema no planeta.

Conforme matéria de Gabriela Albach, de toda riqueza produzida pelo mundo no ano passado, 82 por cento ficou concentrada com 1 por cento da população mais rica, enquanto a metade mais pobre da humanidade não teve qualquer aumento em seu patrimônio.

O aumento da desigualdade é uma tendência global, e o Brasil tem seguido essa tendência”, afirma Kátia Maia, diretora da Oxfam no Brasil.

Os dados fazem parte de relatório “Recompensem o trabalho, não a riqueza”, produzido pela ONG.

Segundo o levantamento, dois terços das fortunas estão ligados à herança, monopólio e ao chamado “capitalismo de compadrio”.

Para a ONG, a geração de empregos decentes é a aposta para diminuir a desigualdade. Para ela, as nações mais pobres abrigam – é claro – a maioria para se diminuir a desigualdade.

As nações mais pobres abrigam a maioria com rendas baixas, fundamentalmente para permanecer vivo, ampliando a incapacidade de poupar.

Como disse Helington Rangel, através de processos de deslegitimação e exclusão moral, o cidadão não se sente obrigado a reconhecer normas e regras sociais, fora do seu grupo.

Segundo estudo do irlandês Marc Morgan (estudante de Economia de Paris, e que tem como orientador o francês Thomas Poketty, autor de “O Capital no Século XXI”), a desigualdade no Brasil é muito maior do que se imaginava, com ENORME CONCENTRAÇÃO DE RENDA NO TOPO DA PIRÂMIDE SOCIAL,

O grupo que representa os 10 por cento mais ricos da população fica com mais da metade da renda nacional.

É impossível efetivar um verdadeiro regime democrático com uma desigualdade tão perversa e obscena.

(Salvador, Bairro da Graça, fevereiro de 2018)

* Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros. Foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura de 2018.

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