Desigualdade
*
Por Emanuel Medeiros Vieira
“Que
falta nesta cidade? Verdade. Que mais para sua desonra? Honra. Falta
mais do que se lhe ponha? Vergonha” (…) (Gregório
de Matos Guerra – 1636-1696, que tinha a alcunha de “Boca do
Inferno”)
O
ano passado registrou o maior crescimento do número de bilionários
da história, com um novo bilionário no mundo a cada dois dias.
Segundo
com a ONG britânica Oxfam, o aumento seria suficiente para acabar
sete vezes com a pobreza extrema no planeta.
Conforme
matéria de Gabriela Albach, de toda riqueza produzida pelo mundo no
ano passado, 82 por cento ficou concentrada com 1 por cento da
população mais rica, enquanto a metade mais pobre da humanidade não
teve qualquer aumento em seu patrimônio.
“O
aumento da desigualdade é uma tendência global, e o Brasil tem
seguido essa tendência”, afirma Kátia Maia, diretora da Oxfam no
Brasil.
Os
dados fazem parte de relatório “Recompensem o trabalho, não a
riqueza”, produzido pela ONG.
Segundo
o levantamento, dois terços das fortunas estão ligados à herança,
monopólio e ao chamado “capitalismo de compadrio”.
Para
a ONG, a geração de empregos decentes é a aposta para diminuir a
desigualdade. Para ela, as nações mais pobres abrigam – é claro
– a maioria para se diminuir a desigualdade.
As
nações mais pobres abrigam a maioria com rendas baixas,
fundamentalmente para permanecer vivo, ampliando a incapacidade de
poupar.
Como
disse Helington Rangel, através de processos de deslegitimação e
exclusão moral, o cidadão não se sente obrigado a reconhecer
normas e regras sociais, fora do seu grupo.
Segundo
estudo do irlandês Marc Morgan (estudante de Economia de Paris, e
que tem como orientador o francês Thomas Poketty, autor de “O
Capital no Século XXI”), a desigualdade no Brasil é muito maior
do que se imaginava, com ENORME CONCENTRAÇÃO DE RENDA NO TOPO DA
PIRÂMIDE SOCIAL,
O
grupo que representa os 10 por cento mais ricos da população fica
com mais da metade da renda nacional.
É
impossível efetivar um verdadeiro regime democrático com uma
desigualdade tão perversa e obscena.
(Salvador,
Bairro da Graça, fevereiro de 2018)
*
Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em
Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do
efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo
nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava
simpósios”, entre outros. Foi indicado ao Prêmio Nobel de
Literatura de 2018.
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