sexta-feira, 10 de junho de 2016

Pílulas literárias 231


* Por Eduardo Oliveira Freire


OLHAR VIOLENTADOR

No ponto de ônibus, percebe um homem a olhar fixamente para seus seios e, de repente, sente que foi mordida. Assustada, volta para casa e quando se despe, percebe um de seus seios está com uma marca de dentes. Questiona-se sobre a situação improvável, já que ninguém a mordeu de fato lá fora.

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FLORINDA

Sempre fora frágil e inocente. Os que conviviam com ela queriam protegê-la de todos os perigos. Com o tempo esta proteção se tornava um fardo para os protetores de Florinda. Pois se anulavam para defendê-la e absorviam todas as maldades do mundo, causando neles pesadelos terríveis. Cansados, pereciam com o tempo. Mas surgiam outros guardiões para proteger a eterna, frágil e inocente Florinda.

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O FÃ

De repente não enxergava os outros, nem os familiares. Só via os famosos e corria atrás deles para fugir da solidão.
Era um viajante do deserto que só encontrava miragens e continuava mais solitário.

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PROTEÇÃO

Ao ver sua filha se machucar bastante, porque mostrava a nudez da alma, resolveu tecer com fios invisíveis véus intitulados sedução, ironia, sarcasmo e deboche. Já crescida, a filha usava-os de acordo com a ocasião.

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* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


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