A minha cidade
* Por
Alberto Cohen
Você sabe, querida,
onde, exatamente, eu gostaria de morar? Numa daquelas cidades pequenas em que
todos os adultos são compadres, todas as crianças sobrinhos e você ainda pode
colocar cadeiras na porta, ou sentar na pracinha para namorar, ouvindo, nos
dias de festa, a bandinha tocar.
Aquela cidadezinha que
trata pequenas doenças do cotidiano com chás de folhas e ervas indicados, como
santo remédio, pelos “experientes” e avalizados por aqueles que já foram
curados com as mezinhas.
Logo na entrada, no
meio de um pequeno bosque, um riozinho acolhe, igualmente, peixes dourados e
meninos endiabrados nadando nas águas transparentes e ainda não poluídas.
Esse lugar de sonho
deve ter um jardim cheio de flores, inclusive jasmins, com aquele cheiro
maravilhoso que se desprende com o sereno; um quintal com árvores frutíferas
(como é bom comer goiabas e caju no pé da planta); uma varanda imensa para os
dias de aniversário, quando os amigos não precisam de convites e tomam conta da
casa; um canto para escrever com as janelas abertas, sem medos e dúvidas.
Nas manhãs de domingo,
o programa é ir à missa com a família, e ouvir contrito o sermão daquele velho
padre que batizou e casou quase todos os habitantes e os conhece por nomes e
apelidos. O conselheiro oficial da cidade, última palavra para dirimir grandes
conflitos e pequenos fuxicos.
No fim da tarde de
cada dia sentar à porta da casa para conversar com os vizinhos, bebendo
cafezinhos, fumando cigarros de rolo, contando “causos” e dando muitas risadas.
Depois amar e dormir,
serenamente, com você nos meus braços, como se a paz e a felicidade estivessem
ao nosso alcance por toda a eternidade.
Uma vida, enfim,
simples, básica, num lugar claro, iluminado e com sorrisos espalhados em todos
os compartimentos da casa. Você conhece algum lugar assim?
*
Poeta paraense.
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