sábado, 4 de junho de 2016

A minha cidade

* Por Alberto Cohen

Você sabe, querida, onde, exatamente, eu gostaria de morar? Numa daquelas cidades pequenas em que todos os adultos são compadres, todas as crianças sobrinhos e você ainda pode colocar cadeiras na porta, ou sentar na pracinha para namorar, ouvindo, nos dias de festa, a bandinha tocar.

Aquela cidadezinha que trata pequenas doenças do cotidiano com chás de folhas e ervas indicados, como santo remédio, pelos “experientes” e avalizados por aqueles que já foram curados com as mezinhas.

Logo na entrada, no meio de um pequeno bosque, um riozinho acolhe, igualmente, peixes dourados e meninos endiabrados nadando nas águas transparentes e ainda não poluídas.

Esse lugar de sonho deve ter um jardim cheio de flores, inclusive jasmins, com aquele cheiro maravilhoso que se desprende com o sereno; um quintal com árvores frutíferas (como é bom comer goiabas e caju no pé da planta); uma varanda imensa para os dias de aniversário, quando os amigos não precisam de convites e tomam conta da casa; um canto para escrever com as janelas abertas, sem medos e dúvidas.

Nas manhãs de domingo, o programa é ir à missa com a família, e ouvir contrito o sermão daquele velho padre que batizou e casou quase todos os habitantes e os conhece por nomes e apelidos. O conselheiro oficial da cidade, última palavra para dirimir grandes conflitos e pequenos fuxicos.

No fim da tarde de cada dia sentar à porta da casa para conversar com os vizinhos, bebendo cafezinhos, fumando cigarros de rolo, contando “causos” e dando muitas risadas.

Depois amar e dormir, serenamente, com você nos meus braços, como se a paz e a felicidade estivessem ao nosso alcance por toda a eternidade.

Uma vida, enfim, simples, básica, num lugar claro, iluminado e com sorrisos espalhados em todos os compartimentos da casa. Você conhece algum lugar assim?

* Poeta paraense.


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